Do blog Cabeça de Pedra
Foi de repente. Um dia ele estava olhando uma foto onde se viu posando de sunga numa praia deserta. Corpo seco, esguio – magricela na língua venenosa dos amigos. Foi então que resolveu se olhar no espelho, só de cueca, quarenta anos depois. De frente, ainda se sentiu aliviado, apesar dos peitos flácidos. Mas de lado… Aquilo não era barriga, era uma pança que caía – e em forma de dobra na linha da cintura. Ficou triste. Pensou em como tinha chegado àquilo e só lembrou do tempo em que era viciado em hambúrguer gorduroso e muita, muita Coca-Cola. Assim é que se punia da depressão que tirava sua vontade até de respirar. O que fazer com a pança? Foi para a academia. Enganaram o bicho dizendo que em pouco tempo estaria em forma, parecendo os artistas das novelas da Globo. Passado um ano, continua na mesma – até porque não parou de comer o que gosta, ou seja, muito pão e massas, sempre com um tipo de doce nos finalmente. Pensa que ligou. Agora revela para todos que, quando vai fazer suas séries de exercícios, reclama com os professores afirmando que só vê gente cada vez mais peituda – e ele se esforça, se esforça, mas só a barriga é que aumenta.