O corpo peso pesado flutuava como uma pena no ringue para enfrentar e derrotar os adversários brutamontes. Desferia os jabs de direita com a velocidade da luz, enquanto bailava no tablado. O maior boxeador de todos os tempos, porém, foi muito maior fora dele, ao enfrentar a máquina do Império por dentro. Só o gesto de se recusar a ir lutar no Vietnã, numa guerra insana e de intervenção, bastaria para comprovar isso. Depois que os EUA saíram fugidos e com o rabo entre as pernas, derrotados pela tenacidade do minúsculo Vietnã do Norte e seu exército de vietcongs, ele cresceu mais ainda sob a sombra dos milhares de jovens mortos de seu país. Negro, numa nação historicamente racista, provocador, enfrentou tudo, até a doença que tirou parte dos seus movimentos, mas não sua energia, porque sempre foi e sempre será uma lenda viva e um exemplo. Amém.