5:55A história como farsa

por Ivan Schmidt 

José Dirceu de Oliveira e Silva, Zé Dirceu para os íntimos, guerreiro do povo brasileiro e antigo companheiro de armas da presidente Dilma Vana Rousseff, um dos líderes estudantis em ascensão no histórico congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiuna (SP), no final dos anos 60, quando experimentou sua primeira galera, foi condenado a 23 anos de prisão pelo juiz federal Sergio Moro pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Inocente, acusado e condenado sem provas, se prevalecer um dia a versão pessoal de quem chegou a sonhar em se tornar o “Che Guevara” brasileiro, estaremos diante do mais clamoroso erro jurídico da história do Poder Judiciário desde o caso dos irmãos Naves, ocorrido no interior de Minas Gerais no século passado, no qual os acusados foram condenados à prisão por um crime que não cometeram, embora a verdade só tivesse vindo à luz 30 anos depois.

Aliás, o advogado de Zé Dirceu, Roberto Podval, que considerou a pena imposta pelo juiz Sergio Moro “desproporcional” ao alegar a idade do condenado (70 anos), afirmou que a sentença “tem um caráter de prisão perpétua”. Criminalista dos mais afamados e bem pagos do país, Podval disse que, na verdade, a pena foi atribuída ao “símbolo Dirceu”, como se o antigo jovem agitador da Maria Antonia, rua no centro de São Paulo onde se concentram faculdades da USP e a Universidade Mackenzie, tivesse lugar assegurado no panteão de heróis nacionais.

O próprio Zé Dirceu já havia sido condenado como chefe da quadrilha do mensalão, quando as tramoias do petrolão começaram a ser desnudadas pela operação Lava Jato, apontando novamente para o todo-poderoso ex-chefe da Casa Civil do presidente Lula, como o cérebro da complicada rede de peças que se interligavam num eficiente mecanismo de sucção de propinas originárias do caixa da Petrobras.

Os jornais da época publicaram um comentário do então hospedeiro do complexo penitenciário da Papuda, caso fosse condenado também pelo esquema do Petrolão, jamais sairia da cadeia por ter perdido a condição de réu primário. Não deu outra.

Um dos pontos que se destacam na sentença assinada por Sergio Moro, que agora a nação estarrecida passa a conhecer como a maior das especialidades do “símbolo Dirceu”, é que enquanto este era julgado pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes do mensalão, agia na sombra da impunidade que levou tempo para ser desmascarada, mas finalmente veio a furo pela tenacidade de um corajoso magistrado, logrando embolsar R$ 15 milhões em propinas recebidas da construtora Engevix que, por sua vez, inchava o custo dos serviços realizados para a Petrobras.

Mas, Zé Dirceu não se cansa de repetir que é inocente e acusado sem provas, que seu julgamento é de natureza política e, que, o castigo que ora recebe é uma vingança do setor mais reacionário da sociedade à grandeza do sonho que tinha para o Brasil.

Este raciocínio canhestro, como se percebe, está firmado sobre a teoria da vitimização, pela qual se procura explicar a origem do ódio e da discriminação social e política a certas figuras. Ora, assim teríamos um herói popular, repito, um guerreiro do povo brasileiro, guardadas as proporções e as contingências históricas, tão odiado pelo conservadorismo quanto o foram Antonio Conselheiro, Virgulino Ferreira da Silva, Pancho Vila, Emiliano Zapata, Leon Trotski, Augusto Sandino e tantos outros.

Uma autêntica bazófia para com a história, que como dizia Marx acontece uma vez como tragédia e acaba se repetindo como farsa.

Estariam os procuradores do Ministério Público Federal, delegados da Polícia Federal e juízes federais, em suma, os componentes da Lava Jato, inspirados nas famigeradas estruturas policialescas dos períodos mais horrendos da moderna civilização como o csarismo e o nazifascismo, para caçar, encarcerar e eliminar incautos sonhadores?

A Lava Jato nasceu para rasgar os códigos e as leis, para amordaçar a cidadania, o amplo direito à defesa e condenar sem provas?

4 ideias sobre “A história como farsa

  1. Sergio Silvestre

    Pois é,acho que deveriam pegar o sujeito por aquilo que ele rouba para si,e só aqui em Londrina,Curitiba deve ter mais,se ve o nababismo de muita gente que sem uma banca de feira ou um carrinho de cachorro quente,mas somente com um mandato ou um cargo no serviço publico,de repente se torna fazendeiro,mora em mansões de 3 milhões de reais e leva uma vida nababesca.
    Ai te pergunto,a lei é colocada em pratica por amostragem,ai de você se tirarem o palitinho seu.
    Ai se gabam de ter recuperado alguns milhões,mas o povo incauto não sabe que são roubados por ano através da corrupção politica e judiciaria mais de 200 bilhões de reais.
    Ninguem está aqui para defender o Zé Dirceu,mas coitado,vai ser azarado assim lá em Cuba sô.

  2. jose

    Ué silvestre, mudou de idéia???

    Até pouco tempo (e o histórico do blog confirma) você era um fiel defensor do zé dirceu e suas falcatruas…continuo a afirmar, em breve você negará dilma e num futuro dilma e esta farsa chamada “esquerda brasileira”.

  3. Ivan Schmidt

    O nome correto da rua do centro paulistano é Maria Antônia e não Maria Paula, como escrevi. Dessa vez nem o Silvestre percebeu…hihihihihihihi

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