por Célio Heitor Guimarães

Ontem, na mesma coluna em que enalteci a figura do dr. Sérgio Moro, ressaltando as suas qualidades de autoridade pública equilibrada e eficaz, cumpridora exemplar de seus deveres, e critiquei a postura crítica exibicionista do ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, contumaz frequentador dos holofotes, reafirmei a minha modesta opinião de que juiz deve falar apenas nos autos ou por ocasião de um julgamento.

Fiquei então sabendo que o dr. Moro, que, na quarta-feira, já estivera proferindo palestra em um jantar no Castelo do Batel, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, na quinta palestrou na Fiep, quando teve a oportunidade de desmentir que fosse ou tivesse sido, ele ou familiar seu, filiado a um partido político.

Sei que, algumas vezes, a autoridade pública precisa vir a público para esclarecer certas ações não suficientemente compreendidas pela população ou conceder entrevista aos órgãos de comunicação com a mesma finalidade. No entanto, continuo com a opinião expendida na coluna de ontem, em relação à conduta extra-autos do magistrado, ainda que ele se chame Sérgio Moro e esteja atualmente desempenhando o papel de higienizador-mor desta nação.

Assim, como cidadão e admirador do dr. Moro, ouso pedir-lhe: não se exponha, excelência. Vossa mensagem está explícita em vossas decisões. Nos autos da Operação Lava-Jato ou de outras ações em que atue. Fazer palestras neste momento, ainda que com o mais elevado dos propósitos, não pega bem. E só oferece munição para os vossos detratores, aquela malta abjeta inconformada com a vossa competência e a vossa coragem, que tenta inutilmente desqualificá-lo, inclusive com a elaboração de falsos dossiês.

Todo mundo sabe que V. Exª. não participa de nenhum partido político e nem poderia participar, em razão de seu cargo e função. Por isso, é preferível ignorar as ofensas e os detratores – eles não merecem nem a vossa atenção.

V. Exª., dr. Moro, não precisa, de igual modo, submeter-se a palestras, sobretudo quando patrocinadas por entidades como essa Lide Paraná, que nacionalmente é coordenada pelo empresário João Dória, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB.

Sabemos que o vosso objetivo é outro, mas não se pode ser ingênuo com esse pessoal. E vossa presença será, inevitavelmente, explorada politicamente. Pelos vossos anfitriões e pelos vossos adversários.

No mais, siga em frente, excelência. Com o mesmo ardor, a mesma firmeza, a mesma capacidade, o mesmo apoio do povo de bem e a proteção de Deus.