7:17A chanchada, o esculacho e o risco

Daria um chanchada e tanto o que está acontecendo no Bananão, só que em vez de rir, como se fazia nos cinemas com os filmes da Atlântida, só resta à ninguenzada ficar mais perdida do que cego em tiroteio, enquanto os analistas sábios disparam interpretações e a politicalha analisa qual o próximo passo a dar – que, se for em falso, pode explodir feito mina em floresta no Vietnã. Pode-se dizer qualquer coisa das ações da Operação Lava Jato, que envolve os federais do Ministério Público, Polícia e Justiça, mas o que fizeram até agora… nunca antes na história deste país. No linguajar de tiras e bandidos deste Brasil varonil, o verbo usado é esculachar. Pois foram esculachados ex-ministros, deputados, senadores e, ulalá!, empreiteiros do andar mais alto do poder, que é o da grana que comprava tudo, principalmente a imunidade decorrente do conluio com quem tem o poder do mando neste país onde o povo, querendo ou não os idiotas de plantão, é formado por uma massa mantida na ignorância para isso mesmo. Lula saiu dela, é o maior líder político do país, comanda um partido que ascendeu ao poder com a bandeira da, vá lá, esquerda, e… deu nisso aí, depois de  promover a ascensão da classe miserável, que galgou um degrau da escala social e garantiu os votos para a manutenção do poder. O ex-presidente se maquiou de bonzinho, para não assustar os poderosos, fez sucesso com uma política econômica ortodoxa e pavimentou o caminho para os bancos brasileiros chegarem ao topo na escala mundial de faturamento. Depois, entregou a rapadura para quem escolheu, provando poder – e sem o maquinista principal o trem descarrilou, a começar com a bomba do mensalão, completado com a do petrolão e arrematado com uma incompetência paquidérmica de administração. O outro lado, o da “direita”, vá lá, nem para aproveitar a bagunça serve, pois os tucanos, se passaram incólumes com o terno impecável do bom mocismo durante os governos de FHC, devem no cartório, camuflaram bem as falcatruas das privatizações, e agora têm sorte porque sujeiras como a da compra dos trens em São Paulo datadas dos mandatos de, eita!, Mario Covas e José Serra, foram encobertas, de um jeito ou de outro pelo estrago de que está sob o foco dos holofotes. Não há mocinhos neste filme de políticos. Num país onde ministros do STF se acham estrelas de televisão e emitem opiniões sobre temas que, talvez, um dia, cheguem ao plenário onde estão aboletados como reis da cocada, vai se esperar o que? Problema maior é que o que acontece hoje está se parecendo, sob incentivo das partes, como o que acontece entre aqueles marginais que se travestem de torcedores para sair no braço, no porrete, na bomba e até em troca de tiros por causa da camisa que cada um veste. Será que banho de sangue vai resolver? Não se duvide que tem imbecil travestido de dono da verdade querendo que alguém morra para que o estopim da carnificina seja aceso. Não, isso não é chanchada. É filme de terror. Espera-se que o bom senso seja mais forte do que os esperneios, a empáfia, o arroto de poder. O país passou recentemente por um período de ditadura militar que, para alguns desmiolados, seria o melhor hoje para acertar a situação. Não é. O que está em jogo hoje é democracia, o menos ruim dos regimes, porque parece que ainda não aprendemos direito a conviver com ela, a começar pelo respeito que deve haver entre os poderes constituídos.

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