5:54Ligou!

por Juca Kfouri

Começou a Copa Sul-Minas-Rio.

Mais importante que os resultados dos jogos, entre Galo x Flamengo, Inter x Coritiba, Fluminense x Furacão e Criciúma x Cruzeiro é o gesto de enfrentar a CBF e a Federação Estadual do Rio de Janeiro.

Só no Brasil de três presidentes da Casa Bandida do Futebol réus na Justiça americana, um preso e outros dois impedidos de sair do país, os placares de três clássicos nacionais, entre campeões do Brasileirão, são menos relevantes que o simples fato de os jogos acontecerem.

Em posição de fragilidade, a Casa Bandida esperneia com as pernas curtas da mentira ao invocar como ilegal algo previsto como legalíssimo na Lei Pelé.

A Primeira Liga, de fato, nem primeira liga é, pois já existe a Liga do Nordeste que realiza, com sucesso, o melhor torneio da região.

Mas é, pela força dos clubes que a integram, com oito campeões brasileiros, as duplas Fla-Flu, Gre-Nal, Atle-Tiba e Galo e Cruzeiro, a que politicamente tem mais força para ser a semente da Liga Brasileira de Clubes.

Faltam ainda, por picuinhas, Botafogo e Vasco, assim como os quatro grandes de São Paulo –estes embalados pela tradição do campeonato estadual, ainda capaz de gerar receitas apesar de sua desimportância técnica, Paulistinha que é.

Da mesma maneira que a arbitragem eletrônica é inexorável, o fim dos estaduais também o é, como mais cedo ou mais tarde, e está tardando, se verá.

A CBF, amedrontada pela ameaças do presidente da Ferj, extrapolou nas bobagens que cometeu ao agir feito biruta.

Agora presidida pelo folclórico coronel Nunes, que desde 1998 comanda a Federação Paraense de Futebol –hoje sem representantes na Série A do Brasileirão, e com apenas o Paysandu na B–, a CBF chegou ao requinte de emitir uma resolução oficial, na qual proíbe a realização da Copa Sul-Minas-Rio, sem a assinatura do presidente, embora em seu sítio apareça o nome dele como responsável.

O que daria margem, segundo advogados que cogitam acionar a entidade, a um processo pelo artigo 299, o da falsidade ideológica, do Código Penal.

Em vez de ficar quieta no seu canto neste início de 2016, a CBF, que em 2015 teve nada menos que quatro presidentes –José Maria Marin, preso, Marco Polo Del Nero, exilado no próprio país, Marcus Vicente, o que nem sobrenome tem e Antônio Carlos Nunes de Lima, que serviu a ditadura e recebe R$ 14,7 mil como “anistiado”, como revelou o repórter Lúcio de Castro–, achou de brigar contra oito dos clubes mais populares do Brasil, entre eles o Flamengo, o primeiro.

Nunes, incapaz de repetir em pé o que diz sentado, é tutelado pela dupla de eminências pardas da CBF, Caboclo$Feldman, teleguiada por Nero.

Diante de tudo isso, torcedores do Flamengo e do Fluminense prometem protestar amanhã, dia 29, na frente da Ferj.

Sinal de que a ideia do “ocupa CBF”, lançada pelo Bom Senso FC no fim do ano passado, faz escola.

Muito bom porque sem mobilização dos torcedores a direção dos clubes fica sem o necessário respaldo para seguir em frente.

Muito mais eficaz do que invadir treinamentos para protestar contra uma ou outra derrota.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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