Nunca é tarde para uma lágrima. O fotógrafo Jorge Graf morreu em Miami no dia 22 deste mês. Vivia ali há 28 anos. Conheci-o bem no Bar Retranca, que ficava nas dependências do Sindicato dos Jornalistas. Como parei de beber há 25 anos e cheguei em Curitiba há 38. devo ter derrubado algumas e muitas ali nos anos 80. Graf era boa praça e contador de histórias dos bons. Uma delas jamais esquecerei. Foi sobre sua separação (ele deixou seis filhos) – e não perguntem de quem. A discussão sobre os bens ficou empacada no automóvel. Ela queria e ele também. Como o nó não desatava, ele solucionou a pendenga de forma prática: tocou fogo no veículo. Graf deixou sua marca profissional como fotógrafo da grande Tribuna do Paraná. Nunca mais tinha ouvido notícia dele, até essa, triste. Ele morreu em decorrência da diabete.
Leio, atônito, a notícia da morte do Jorge. Ele fez parte, como nós, de um jornalismo romântico ainda então praticado por essas bandas. Ah, o Retranca…. foram tantas e tantas as noites em que o ancoradouro do Sindicato, acessado por aquela entrada lateral na Rua José Loureiro, era endereço certo de sempre bem lembrada histórias (e estórias). Foi o tempo em que Curitiba, com orgulho, tinha como bússola dois grandes endereços jornalísticos: o Diário do Paraná e o Estado/Tribuna do Paraná. A Gazeta estava aí, bem como o Correio de Notícias, mas os dois jornalões eram, certamente, a referência de quem, depois de mais um dia de faina, relaxava a alma mergulhado na escuridão madrugueira do Bar Palácio, servindo-se do churrasco ou da sopa de legumes recomendados pelo também já finado Moazrt.
PS: a história do carro, a conheci também. Não sabia, porém, que há 28 anos Jorge assumiu o sotaque em Miami.
Jorge Graf, nosso apreço, nossa saudade, nossas lembranças desses tempos de galhardia. Um abraço do Urban.
Muito chata a notícia da morte do Jorge. Nós, por aqui, vamos lembrando das inúmeras passagens e estórias, como disse o Urban, seja nas ruas da cidade, na correria diária do jornalismo, ou das pescarias – que ele e um bando de fiosdaputa (todos fotógrafos) faziam pelos rios da região, só prá contar histórias e mentiras da viagem. Vá em paz, mano véio.