por Claudio Henrique de Castro
Os políticos falam que são honestos, o povo acredita e vota.
Os jornais estampam corruptos, o povo lê e esquece.
É a ignorância do povo? Balzac disse que a ignorância é a mãe de todos os crimes (L’ignorance est la mère de tous les crimes).
Quem é o povo, afinal? Nem o povo sabe quem é ou quantos são.
É de Machado de Assis o conto “Viver!”, onde o último representante da raça humana afirma que a Terra está deserta e nenhum outro homem respira o ar da vida.
Este último exemplar foi um errante que não errará mais.
E o povo? Erra em todas as eleições? Nem o povo sabe, pois esquece em quem votou.
No conto machadiano, o último dos homens pergunta a Prometeo quem ele é. E Prometeo lhe responde: “Fiz do lodo e água os primeiros homens.”
Isso mesmo! O homem veio do lodo e da água e depois como brinde, Prometeu deu ao homem, o fogo. O povo então se originou da lama?
Até o século XIX os cientistas acreditavam nisso – na teoria da geração espontânea.
Logo, se o povo veio da lama e da água, está explicada assim a origem da proliferação do mosquito que transmite a dengue, a dengue hemorrágica, o zika vírus e o chikungunya.
Muitos afirmam que a política brasileira não reflete a vontade popular. Pois ela representa os interesses das grandes corporações e não do povo.
Este fato está, em certa medida, provado pelos apoios financeiros recebidos em troca de desvios de recursos públicos, conforme as recentes operações da Policia Federal.
O povo é que criou este sistema miserável? Não! O povo é vítima disso tudo.
A corrupção é de uma parte da classe política descomprometida com os interesses do povo. Há mais de 500 anos.
Neste momento, temos as propagandas eleitorais e governamentais. E os políticos juram pela vida das suas famílias que são corretos até a oportunidade do benefício da uma eventual delação premiada.
E a campanha de prevenção contra a proliferação epidêmica do aedes aegypti? Onde está? E a mobilização do estado para combater tudo isto?
O povo paga impostos, não tem saneamento básico, na grande parte do país, e está agora, sujeito a terríveis enfermidades. O povo sabe disto?
O povo sabe do direito à saúde, ao saneamento básico?
Faltam recursos para contra-atacar o mosquito da dengue? Não!
Há, sem dúvida, um imobilismo e uma grave omissão do Estado brasileiro.
Voltando ao imortal Machado de Assis, lá pelas tantas, o último da raça humana ouve a profecia de Prometeo: “Já te disse que uma raça nova povoará a terra, feita dos melhores espíritos da raça extinta.”
Aguardemos a realização da profecia! Aguardemos estadistas!