por Ruy Castro
Incrível, mas, em 2016, faz 50 anos que os Beatles lançaram “Yesterday”; The Doors, “Light my Fire”; The Mamas and the Papas, “California Dreamin'”; Baden e Vinicius, “Apelo”; Edu Lobo e Torquato Neto, “Pra Dizer Adeus”; e Carlos Imperial, “Mamãe Passou Açúcar em Mim”. Entre outras. Grande ano, 1966.
Já a parceria Tom e Vinicius, estreando com “Se Todos Fossem Iguais a Você”, daqui a meses completará 60 anos –mesma idade de “Maracangalha”, com Caymmi, “Conceição”, com Cauby Peixoto, e “A Voz do Morro”, com Jorge Goulart. Tudo 1956. E que ano também para o jazz: “Whisper Not”, de Benny Golson, “Waltz for Debbie”, de Bill Evans, e “In Your Own Sweet Way’, de Dave Brubeck.
Em 1946? Saíram “Copacabana”, de Braguinha e Alberto Ribeiro; “Baião”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (“Eu vou mostrar pra vocês…”); “Les Feuilles Mortes”, de Joseph Kosma e Jacques Prévert; “Ornithology”, de Charlie Parker; e “Adios, Pampa Mia”, de Francisco Canaro. Todos completarão setentinha.
E sabe as últimas de 1936? Noel Rosa (com ou sem parceiros) fez “Pierrô Apaixonado”, “É Bom Parar” e “Palpite Infeliz” –quem diria que isso foi há 80 anos? Já “O Ébrio”, de Vicente Celestino, parece mesmo octogenário. E, de 1926, herdamos “Abismo de Rosas”, de Canhoto, “Always”, de Irving Berlin, “Tea for Two”, de Vincent Youmans, e “Muskrat Ramble”, de Kid Ory. Sucessos há 90 anos.
E quem vai chegar a 100 em 2016? O “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida. Não foi o primeiro disco de samba, e sim o quinto. Mas foi o primeiro a fazer sucesso como samba, mesmo sendo um maxixe. Não importa. Por sua causa, vem aí o centenário do samba, e viva ele. Só que, em 2031, por causa de “Se Você Jurar”, de Ismael Silva e Nilton Bastos, de 1931, o samba fará 100 anos de novo –e só então para valer.
*Publicado na Folha de S.Paulo