por Ticiana Vasconcelos Silva
Já te falei que quero morrer, não? É tudo tão denso, tão pesado, tão concreto em um corpo pequeno demais para minha alma. Não posso mais. Quero ser livre. E essa vontade de voar me domina como uma cólera súbita e indescritível. As dores do mundo deixei para o mundo. As dores da alma, carrego até meu túmulo. E elas permanecerão, irão além da morte. Tudo me sobrevém como um mistério. Não posso decifrá-lo enquanto derramo minhas lágrimas. Sugiro-te não me ouvir, porque pressinto que o amor que tens por mim não é suficiente para me impedir de ir embora para sempre. Um dia tu irás me entender. E este dia sobrevirá quando a luz do sol dissipar toda angústia em minhas células. Elétrons, nêutrons, prótons, partículas subatômicas, teorias da física pós-ultra-moderna. Nada disso me impressiona tanto quanto a gota que reflete o seu olhar em meu rosto. É triste. É lindo. E é sobre isso que devemos falar, se pudermos. Mas acho que não somos capazes. É o absoluto no diminuto. É o infinito no que findará. Me entendes agora? Então podemos começar a conversar.
Pra começo de ano,parece que eu estou vendo e lendo o Jamil recitando seu réquiem.
Ticiana, você é sim muito capaz! Por favor, jamais interrompa essa conversa…