por Roberto Campos
– No palco brasileiro, há que reconhecer que minha geração fracassou. Tendo tudo para atingir grandeza, o Brasil patina na mediocridade. Tendo tudo para ser rico, o país hospeda milhões de miseráveis. Houve momentos em minha juventude e maturidade em que ambas as coisas – a grandeza e a riqueza – pareciam atingíveis antes do fim do século. Hoje, o sonho do Brasil grande potência no ano 2.000 se esvaiu. Estamos atrasados em nosso rendez-vous com a história.
– Há países naturalmente pobres mas vocacionalmente ricos. Há outros que têm riquezas naturais porém parecem ter vocação para a pobreza. Às vezes fico pensando, com melancolia, que talvez estejamos neste último caso. Não nos faltam recursos naturais. Mas sua mobilização exige abandonarmos nossa grave e renitente tradição inflacionária, e um grau de abertura internacional. Nossa pobreza não pode ser vista como uma imposição da fatalidade. Parece antes uma pobreza consentida, resultante de mau gerenciamento e negligência na formação do capital humano.