por Zé da Silva
Briga de galo, briga de cachorro, briga de passarinho, briga de escorpião. Todos em arenas. Como as de agora, entre humanos, com transmissão mundial pela televisão e internet e babação de prazer geral. Em pouco tempo haverá combates que só terminarão com a morte de um dos lutadores. Roma antiga. Coliseu. Gladiadores. Não sei porque pensei nisso. Deve ter sido por causa do sangue que começou a escorrer do meu nariz – e ficou um tempão assim. No banho, apressado, abri uma avenida com a unham, bem em cima do osso, enquanto me ensaboava. Depois, com água bem quente caindo nas costas, fiquei olhando os pingos despencarem até o piso e o líquido misturado à água escorrendo para o ralo. E se lá dentro do buraco tivesse um bicho só esperando o aperitivo para sair e me sugar o resto e me deixar morto e murcho? Pensei num filme assim. Roteirista? Não, deve ser porque parei de tomar os tarjas negras há um mês. Vou telefonar para ao doutor e marcar consulta.