por Zé da Silva
Perguntaram por que eu datilografava no computador com os dez dedos das mãos. Respondi que gostaria de utilizar também os dos pés, mas estes integram apenas o departamento de patadas que solto por aí. ASDFG é uma sigla muito conhecida de quem frequentou curso naquelas máquinas que hoje fazem parte do museu da memória. Mão esquerda, o mindinho com dificuldade de empurrar o A com força suficiente para deixar a marca no papel. Chamo meu computador de Remington e tem gente que acha que é uma nova marca de máquina de lavar ou ar condicionado. Teclei na escolinha com 14 anos e depois não treinei por uma década. Aí, precisei – e foi uma tristeza! Preferia escrever primeiro a Bic para depois ficar catando milho e não errar – porque odiava melar a página com “errorex”. Cinquenta anos de treinamento diário se passaram. Me acho suficientemente rápido nos teclados macios da máquina deste tempo de agora. Mas enquanto caminho célere para não sei onde, ele, o computador de mesa ou laptop, já estão ficando ultrapassados porque quase tudo é feito no aparelhinho de telefone . Ali não dá para usar os dez dedos das mãos. Não faço isso porque não entrei nas teias dessas reder. Vejo, contudo, crianças, adolescentes e adultos jovens teclando aquilo com a velocidade de um super-herói da Marvel. Admiro, mesmo que isso seja feito com os dois dedões mais gordos.