Amigo do blog enviou o seguinte poema de Charles Baudelaire para Delcídio do Amaral ler na prisão.
Seja aonde for que vá em torno desta esfera,
Sob um clima de fogo ou sob um sol distante,
Servidor de Jesus ou cortesão de Citera,
Mendigo tenebroso ou Creso rutilante,
Pária, campônio, citadino e às vezes fera,
Seja-lhe o cérebro moroso ou esfuziante,
O homem sucumbe ante o mistério que o exaspera,
E não eleva o olhar senão por um breve instante.
No alto, o Céu! paredão que o abafa como estufa,
Cenário ébrio de luz para uma ópera-bufa
De cujo palco ensangüentado o histrião se serve;
Terror do libertino, anseio do eremita;
O Céu! Tampa sombria da imensa marmita
Onde indivisa a vasta humanidade ferve.