por Ricardo Noblat
Seria temerário vaticinar o fim de Lula. Ou o fim de qualquer político, especialmente. Essa gente costuma ter muito fôlego.
Mas o mito Lula, o político que encarnou os desejos dos brasileiros mais pobres e de uma esquerda que jamais alcançara o poder; aquele que denunciou a existência de 300 picaretas no Congresso e se disse diferente de tudo o que está por aí; o mito vai sendo progressivamente desmontado.
Lula reunirá condições para tentar voltar à presidência da República pela terceira vez? A essa altura, parece difícil. Em compensação, ainda está para nascer quem poderá derrota-lo.
O mito começou a ser construído quando Lula liderou greves de trabalhadores na região do ABC paulista, lá se vão 35 anos.
Foi capaz de resistir ao vendaval provocado pelo escândalo do mensalão, que varreu do mapa alguns ícones do PT como o ex-ministro José Dirceu de Oliveira.
E consolidou-se, por fim, com a saída consagradora da presidência da República em 2010, exibindo um índice de aprovação superior aos 70%, e deixando Dilma Rousseff em seu lugar.
Tudo indicava que Lula só não sucederia Dilma se não quisesse, ou se fosse vítima do destino.
Não sucedeu no ano passado porque Dilma teimou em se reeleger. E agora… Agora, Lula rola ladeira abaixo.
Paga o preço de ter escolhido uma sucessora incompetente. E também de ter deixado os escrúpulos de lado – se é que já os teve um dia.
Pesquisa recente do IBOPE, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, conferiu que 55% dos brasileiros dizem que não votarão mais em Lula de jeito nenhum.
Rejeição acima de 40% é fatal para qualquer candidato. E não há sinais no horizonte de que o sol voltará a brilhar para Lula. Pelo contrário.
Um segundo vendaval ameaça engolir Lula. E ele não se resume apenas à Operação Lava-Jato comandada pelo juiz Sérgio Moro.
A Lava-Jato é só uma face do vendaval de muitas faces. Moro coleciona depoimentos que incriminam Lula e pessoas a ele estreitamente ligadas,
A Polícia Federal, que investiga o pagamento de propinas a agentes da Receita Federal, bateu à porta de um filho adotivo de Lula e do ex-ministro Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula nos seus dois mandatos.
Há sólidos indícios de que Medidas Provisórias assinadas por Lula para beneficiar a indústria automobilística foram compradas. Quem pagou? Quem recebeu o dinheiro?
Há outro filho de Lula sob investigação. E o próprio Lula está sendo investigado sob a suspeita de ter favorecido empreiteiras enquanto presidiu o país – e de ter-se tornado lobista delas desde que trocou o Palácio da Alvorada por seu apartamento em São Bernardo.
Ninguém se espantará se um dia a Polícia Federal apreender documentos no Instituto Lula. Ou, no limite, se Lula acabar preso. O clima para isso já existe.
Ótimo texto