Do blog Cabeça de Pedra
Já encomendei o projeto. Mandei uma foto da paisagem que quero ver do janelão. Ali de cima dá para enxergar onde termina o pedacinho de terra e começam outros e mais outros e mais outros até chegar no pé daquele morro lá na linha do horizonte. Às vezes tudo fica verde, quando cai água do céu do sertão. Às vezes fica seco, mas os pés de manga, de jaca, ah! esses são como troféus eternos da natureza. E tem também aquele pé de não sei o quê que fica bem na quina de uma divisa e fica parecendo um grande buquê de flores exatamente quando os galhos secam. A gente olha e se deslumbra e se alumia como o sol que é forte desde que surge lá atrás da casa que um dia terei. Ela vai ser fresquinha, toda de concreto aparente, linhas retas, pé direito bem alto, um espação como se fosse um oásis dentro do oásis dentro do deserto. É ali que vou partir para os outros mundos dos livros, viajar nas músicas, escrever as histórias que, aleluia, tenho muitas pra contar. O projeto está encomendado. Quem vai fazer conhece muito bem o dono, porque sangue do meu sangue. Pode ser que nunca a casa brote naquele chão. Mas… precisa? Ela já existe.
Chuva que goteja uma sonata na minha janela/
que abre os botões de rosa/
trás alegria aos milharais/
e faz brotar as relvas dos campos
e a natureza mesmo carrancuda
é bela num dia chuvoso /