Da Folha.com
Figura central do show biz nacional, Luiz Carlos Miele morre aos 77 anos
Artista ajudou a lançar toda uma geração da MPB e era o boêmio-mor do país
Um dos principais promotores da bossa nova, o produtor, diretor e ator Luiz Carlos Miele, 77, morreu na manhã desta quarta-feira (14) após passar mal em sua casa, em São Conrado, zona sul do Rio. A notícia foi confirmada pelos bombeiros, que não informaram a causa da morte.
De acordo com a corporação, às 8h20 da manhã um familiar ligou para o serviço de emergência afirmando que Miele estava passando mal. A ambulância chegou ao local às 8h32, mas o produtor já estava morto.
Segundo Vânia Barbosa, empresária de Miele, ele e a mulher, Anita, “jantaram na noite de terça-feira com alguns amigos. De manhã, a Anita acordou e o viu caído ao lado da cama, no chão”, disse à Folha.
Filho da atriz e cantora Irma Miele, o paulistano Luiz Carlos nasceu em 31 de maio de 1938 e conviveu desde criança com o ambiente artístico. Aos 12 anos, começou a trabalhar como ator no programa “Meu Filho, Meu Orgulho”, na rádio Excelsior. Mais tarde, na TV Tupi, atuou no “Clube do Canguru Mirim”, programa infantil em que contracenou com Érlon Chaves, Régis Cardoso e Walter Avancini.
Mudou-se para o Rio em 1959 e começou a trabalhar na TV Continental como diretor de estúdio. No mesmo ano conheceu o jornalista e letrista Ronaldo Bôscoli, um dos nomes envolvidos na divulgação da então nascente bossa nova e com quem formaria uma das mais importantes duplas do showbiz brasileiro.
Juntos, produziram shows no hoje lendário Beco das Garrafas, em Copacabana. Produziram e dirigiram espetáculos de artistas como Wilson Simonal, Sérgio Mendes, Sarah Vaughan e Roberto Carlos, entre muitos outros. Também tiveram uma boate no Rio, a Monsieur Pujol, por onde passaram, no início dos anos 1970, astros internacionais como Dione Warwick, Burt Bacharach e Stevie Wonder.
Contratados pela Rede Globo em 1965, Miele e Bôscoli produziram dezenas de programas musicais, como “Alô, Dolly”, “Dick & Betty” e “Um Cantor por Dez Milhões, Dez Milhões por uma Canção”. A dupla passou ainda pelas principais emissoras da época: TV Rio, Excelsior e Record –nesta, promoveram o célebre “O Fino da Bossa”.
Miele também construiu uma extensa carreira como ator de cinema, teatro e TV –suas aparições mais recentes foram na minissérie “A Teia” (2014), onde interpretou o ex-senador Walter Game, e na novela “Geração Brasil” (2014), como o milionário Jack Parker.
Casado há mais de quatro décadas com Anita Bernstein, Luiz Carlos Miele não tinha filhos. Ainda não foram divulgadas informações sobre seu velório.
CRONOLOGIA
1950 – Aos 12 anos, participava do programa infantil “Meu Filho, Meu Orgulho”, na Rádio Excelsior
1959 – Conheceu Ronaldo Bôscoli, na época repórter da Manchete e um dos divulgadores da Bossa Nova
1965 – Miele e Bôscoli foram para a Globo, onde produziram programas como “Alô, Dolly” e “Um Cantor por Dez Milhões, Dez Milhões por Uma Canção”
1971 – Junto a Bôscoli, produziu um especial com Elis Regina para a TV. Seria o primeiro de muitos programas com a cantora
1972 – Produziu e dirigiu Marília Pêra no programa mensal “Viva Marília”
1973 – Miele e Bôscoli assumira a direção musical do “Fantástico”, na Globo
1976 – Apresentou o musical “Sandra & Miele”, ao lado da atriz ao lado da atriz Sandra Bréa
1980 – Produziu o festival de música MPB 80
1985 – Vai para a TV Manchete, onde apresenta programas como “Ele & Ela”
1991 – Foi apresentador do programa “Cocktail”, no SBT
1997 – Atuou no filme “O Homem Nu”, de Hugo Carvana
1999 – Assinou a direção do espetáculo “Vivendo Vinícius”, com Carlos Lyra, Toquinho, Miúcha e Baden Powell
2004 – Publicou o livro “Poeira de estrelas”, pela Ediouro
2005 – No seriado “Mandrake”, baseado em contos de Rubem Fonseca, viveu o advogado Wexler
2008 – Junto a Thalma de Freitas, apresentou o espetáculo “Bossa Nova 50 Anos”, realizado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro
2012 – Foi o corrupto Senador na minissérie “O Brado Retumbante”, na Globo