por Yuri Vasconcelos Silva

A Família Silva não faz parte do regulamento. Em 1975, ele pai se casou com ela mãe. Eles tiveram dois filhos, um ele e outro ela. Ele pai, insatisfeito com tamanha formalidade, teve várias elas, incluindo amigas e irmãs dela mãe. Ela mãe expulsou, por fim, ele pai de casa. Ela mãe e filhos se tornaram um núcleo familiar. Ele pai, por sua vez, teve mais uma filha com ela, a namorada. Ela, a namorada, já tinha uma filha com um outro ele do passado. Ele pai continuou procurando a próxima ela dele. Encontrou, claro. Achou por bem não ter mais filhos, mesmo porque a nova ela já tinha dois filhos, também do passado. Passaram-se quase duas décadas até ele pai encontrar a próxima ela, que já tinha uma filha. Ele pai deixou a nova ela para se enamorar com próxima ela. O tempo tanto correu que toda mágoa se desmanchou com a chuva e vento. O primogênito, veja só, deu de escolher um igual a ele e, por algum mistério celestial, ele e ele criam um pequenino elinho. Definição de família por estatuto, pelo menos para os Silva, não faz o menor sentido. Desde 1975.

Em dias de sol e céu bonito, todos os eles, elas e elinhos, inclusos filhos e netos, se reúnem para comer, rir e relembrar histórias. Dão seguimento a complicada trama familiar, tudo alinhavado com a costura forte de amor.

*Yuri Vasconcelos Silva é arquiteto