Da assessoria de imprensa da UFPR
Após desocupação, Reitoria da UFPR libera pagamentos e apura danos
Segundo reitor Zaki Akel Sobrinho, invasores serão responsabilizados
A Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) retomou hoje (dia 17), logo após a desocupação do prédio por invasores, os pagamentos a bolsistas, colaboradores terceirizados e fornecedores. Em entrevista coletiva à imprensa, o reitor Zaki Akel Sobrinho informou também que a UFPR iniciou levantamento para apurar os prejuízos causados pelos 17 dias da ocupação e anunciou: os autores da invasão e seus apoiadores serão responsabilizados pelos danos que causaram.
“Nós repudiamos duramente a invasão, que foi extemporânea, inaceitável, antidemocrática, intempestiva, truculenta e de estímulo à violência – uma das piores que tivemos na história da UFPR. Nela, milhares de pessoas foram prejudicadas e nossos colaboradores foram vítimas de cenas de selvageria e de terrorismo cometidas por mascarados que não têm amor pela nossa Universidade”, criticou o reitor.
A desocupação da Reitoria ocorreu após audiência de conciliação promovida pelo juiz substituto da 4ª Vara Federal de Curitiba, Augusto Cézar Pansini Gonçalves. Zaki Akel Sobrinho também pediu hoje a reintegração de posse do restaurante universitário central, ocupado há cerca de três meses pela diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Paraná (Sinditest) e aguarda despacho da Justiça.
Responsáveis serão punidos
Zaki Akel Sobrinho responsabilizou, além dos invasores, diretores do Sinditest e da Associação dos Professores da UFPR (APUFPR), que apoiaram a ocupação e chegaram a fazer assembleia conjunta no prédio invadido. “Não podemos admitir a anarquia e nem o vandalismo cometidos por mascarados, que sitiaram e agrediram pessoas dentro da UFPR, que é mantida com dinheiro público e o sacrifício do povo brasileiro”, afirmou o reitor, que lembrou o esforço da administração para resolver o problema por meio das notificações enviadas aos responsáveis pela ocupação.
O reitor lembrou que o Estatuto e o Regimento da Universidade possibilitam punições em situações como essa e disse que possui farta documentação comprovando o envolvimento dos responsáveis pela invasão. “Os responsáveis pela invasão serão punidos. Estamos apurando quem são e abriremos sindicância contra essas pessoas, sejam alunos, funcionários ou professores. Eles terão amplo direito de defesa e serão tratados sem revanchismo, mas tudo dentro das normas do estatuto e regimento da universidade”.
As possíveis punições previstas regimentalmente incluem desde advertência até suspensão e a expulsão de servidores e alunos. O processo deve ser concluído dentro de 60 a 90 dias. Zaki isentou o DCE de culpa pelo problema. “Eles se posicionaram publicamente contra a invasão”, disse. Além disso, o reitor afirmou que os alunos tiveram seu direito de participar das reuniões com os invasores cerceado, como fato ocorrido e documentado pelos acadêmicos de Medicina.
O vice-reitor da UFPR, Rogério Mulinari, avaliou que a invasão ficará marcada como um “momento de desatino de grupos radicais” na história da UFPR. “Esses mascarados, vários deles alheios à UFPR, aterrorizaram colaboradores da Universidade, que foram sitiados”, disse ele, que ocupava a função de reitor em exercício no momento da invasão e também teve que se retirar do prédio. “Nossa preocupação nunca foram os prédios, mas as pessoas, alunos, professores, colaboradores e inclusive estrangeiros que dependem da Universidade”.
Reposição de aulas
A pró-reitora de Graduação em exercício, Maria Lúcia Accioly Teixeira Pinto, explicou que elaborou proposta de um novo calendário, por causa da greve, que será submetido à avaliação dos integrantes do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) na reunião do próximo dia 21. “A greve foi pontual e heterogênea. Agora, vamos garantir que a reposição seja feita com qualidade, sem prejuízo dos alunos”. Nos campus de Curitiba, as aulas voltaram no dia 16 e nos campi do interior e litoral do estado as aulas retornam dia 21.
SEM PAGAMENTOS,
SERVIDORES PAGAM MULTAS E BOLSISTAS PASSAM FOME
Zaki Akel Sobrinho explicou que a perícia técnica da UFPR está fazendo levantamento dos danos causados ao imóvel invadido (que será concluído em 30 dias) e já constatou estragos em equipamentos de informática, fechaduras de portas e armários que foram arrombados, mesas e vidros quebrados. A UFPR também acumula prejuízos porque terá que pagar multas por atrasos em pagamentos e perdeu prazos processuais que teria que cumprir com a Justiça.
Mas esse não foi o maior problema, segundo o reitor. Além de um colaborador da segurança ter sido agredido e de ter havido atos de violência na ocupação dos prédios vizinhos à Reitoria (os edifícios D. Pedro I e II), a UFPR foi impossibilitada de fazer pagamentos de qualquer natureza. Com isso, milhares de colaboradores (parte deles da limpeza e conservação) ficaram sem salários, o que os obrigou a pagar multas por atrasos em pagamentos.
Além disso, 2.374 alunos não receberam suas bolsas-permanência. Como muitos deles estão em fragilidade econômica, estas pessoas chegaram a passar fome e tiveram que contar com a colaboração de amigos para se manter durante a invasão. “Peço perdão a todas essas pessoas, mas, infelizmente, não pudemos fazer os pagamentos por causa destes invasores”.
O pró-reitor de Administração, Edelvino Razzolini Filho, explicou que as operações necessárias para fazer os pagamentos exigem procedimentos técnicos e de segurança junto às instituições bancárias (inclusive o uso de assinaturas digitais), que só podiam ser feitos com o uso dos equipamentos que estavam na Reitoria. Ele afirmou que o problema se tornou mais grave exatamente porque a invasão ocorreu no dia em que a UFPR deveria liberar os recursos para que salários e bolsas fossem pagos até o quinto dia útil de setembro – no caso, 9 de setembro, devido ao feriado do dia 7. “Não tivemos tempo de preparar tudo para o pagamento antes da invasão”, disse.
O vice-reitor, Rogério Mulinari, lembrou que os colaboradores foram pegos de surpresa pela invasão e negou que seja verdade a informação de que os funcionários poderiam entrar no prédio para fazer os pagamentos. “Seríamos loucos se deixássemos colaboradores entrarem em um prédio com mascarados violentos, correndo o risco de que pessoas inocentes fossem vítimas e atos de violência ou mesmo transformados em reféns”, comentou.
Participaram ainda da coletiva a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rita de Cássia Lopes, e o chefe de Gabinete da Reitoria, Felippe Bufara Antunes.
REITORIA CUMPRE ACORDO
E RETOMA DIÁLOGO APÓS DESOCUPAÇÃO
A Reitoria da UFPR cumpriu o compromisso de retomar o diálogo com o comando de greve assim que o prédio fosse desocupado. A primeira reunião da retomada das negociações foi hoje, às 16h, no prédio histórico da Praça Santos Andrade, com a presença da diretoria do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
A última reunião havia ocorrido justamente no dia em que o imóvel foi invadido, em 31 de agosto, e também foi promovida no prédio histórico. Rejeitando o debate, porém, os invasores ocuparam a Reitoria. Diante do radicalismo do grupo, a administração da Universidade suspendeu as negociações e informou que só iria retomá-las após a liberação do prédio.
Invasão sem justificativa
O reitor afirmou que não havia nenhuma justificativa para a invasão porque a administração da Universidade sempre dialogou com as três categorias: servidores técnico-administrativos e docentes e ainda os alunos, inclusive no dia da invasão. “Nós sempre procuramos ter respeito por todos e sempre procuramos dialogar desde o início da nossa gestão”, disse Zaki Akel Sobrinho.
Ele lembrou que a conquista do café da manhã no RU central, por exemplo, foi uma reivindicação de greve anterior e produto desse diálogo, além de vários outros benefícios. O pró-reitor de Administração, Edelvino Razzolini Filho, disse que o diálogo sempre existiu, apesar de o comando de greve ter apresentado algumas pautas difíceis de serem atendidas, como a abertura de creches para todos os alunos e servidores. A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rita de Cássia Lopes, lembrou ainda que muitas dessas reivindicações já estão sendo atendidas, como o pagamento de auxílio-creche e os demais incentivos do programa de assistência aos estudantes com fragilidade econômica (Probem), como o auxílio-permanência e o auxílio-moradia. Lembrou ainda que alguns alunos estrangeiros que estão na UFPR também tiveram dificuldades financeiras e administrativas em função da invasão do prédio da Reitoria.