Da Folha.com
Morre o diretor Carlos Manga, aos 87 anos, no Rio
O diretor Carlos Manga morreu nesta quinta-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 87 anos. A morte foi confirmada pela Globo, mas a causa não foi divulgada.
Manga começou a carreira no cinema, nos anos 1950, e trabalhou em programas de grande sucesso da rede Globo a partir dos anos 1980. Foi diretor artístico de programas humorísticos como o “Zorra Total”, “Chico City” e “Os Trapalhões”. Com esse último quarteto humorístico, inclusive, fez seu último filme, “Os Trapalhões e o Rei do Futebol”, de 1986, que conta com atuação de Pelé.
Dirigiu também minisséries, como “Incidente em Antares” (1994) e “Um Só Coração” (2004), além de outros programas, como “Sandy & Júnior”, a novela “Belíssima” (2006) e o “Domingão do Faustão”, em 1989.
Seus últimos trabalhos como diretor foram para a emissora: a novela “Eterna Magia” (2007), que teve entre suas protagonistas a atriz Malu Mader, e o infantil “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, que lançou a jovem atriz Isabelle Drummond.rlos Manga
Manga ainda fez participações especiais, como ele mesmo, na novela “Belíssima” (2006) e “Apolônio Brasil, Campeão da Alegria” (2003). Em 2010, na série “Afinal, o Que Querem as Mulheres?”, fez o personagem Don Carlo.
ATLÂNTIDA
Manga, que se tornou um dos maiores nomes da chanchada, entrou no cinema um pouco por uma porta inusitada: estudante de direito, foi contratado para trabalhar no almoxarifado dos estúdios da Atlântida Cinematográfica e na virada dos anos 1940 para os 50 atuou em vários cargos: primeiro como contrarregra, depois assistente de montagem, diretor musical até assumir o posto de diretor, em 1953.
Ocupou essa função nos anos de ouro daqueles estúdios de cinema, época de profusão das chamadas chanchadas -filmes de humor com enorme apelo popular. Desse gênero, produziu títulos clássicos como “Matar ou Correr” (1954), “Nem Sansão Nem Dalila” (1955) e “O Homem do Sputnik” (1959).
Nesse último, o humorista Oscarito vive um homem que acredita piamente que o satélite russo Sputnik caiu no telhado de sua casa, dando início a uma série de confusões. O filme também rendeu uma das primeiras atuações de Jô Soares.
“Era um homem de talento extraordinário. Tinha uma vivacidade avassaladora. E tinha uma personalidade fascinante”, lembra o apresentador à Folha.
À reportagem, o ator Tony Ramos também conta do papel que Carlos Manga teve na formação de público. “Ele atuou nessa fidelização, na cumplicidade do público com o cinema. Suas chanchadas fizeram muito sucesso”, diz.
Numa delas, de 1953, “A Dupla do Barulho”, juntou no elenco dois dos maiores nomes das chanchadas: Oscarito e Grande Otelo. No total, Manga dirigiu 32 longas em sua carreira.
Nos anos 1960, um convite de Chico Anysio o levou à televisão. Primeiro, na TV Rio, onde dirigiu programas de humor, depois na Excelsior, que foi onde emplacou a comediante Dercy Gonçalves, e na Record.
Já na década de 1970, passou um tempo na Itália, onde teve a oportunidade de trabalhar com o cineasta Federico Fellini. A experiência lhe fez aplicar algumas das técnicas do diretor italiano assim que ele retornou ao Brasil no filme “O Marginal” (1974), protagonizado por Darlene Glória e Tarcísio Meira.
Foi um outro convite de Chico Anysio, agora na Globo, que Manga migrou para a emissora carioca já nos anos 1980.
Nos últimos anos dedicou-se principalmente a programas na Rede Globo, onde teve atuação diversificada: dirigiu o humorístico “Zorra Total” (1999), a minissérie “Um Só Coração” (2004) e as novelas “Torre de Babel” (1998), “Belíssima” (2006) e “Eterna magia” (2007).
Deixa três filhos, Paula, Manga Jr. e Maria, e avô de quatro netos.
Veja uma lista de trabalhos do diretor:
Na direção
- “Eterna Magia” (2007)
- “Sítio do Pica-Pau Amarelo” (2006)
- “Um Só Coração” (minissérie, 2004)
- “Decadência” (minissérie, 1995)
- “Os Trapalhões e o Rei do Futebol” (1986)
- “Chico City” (1973)
- “Assim Era a Atlântida” (1975)
- “O Marginal” (1974)
- “As Sete Evas” (1962)
- “Entre Mulheres e Espiões” (1961)
- “O Palhaço O Que É?” (1960)
- “Quanto Mais Samba Melhor” (1960)
- “Os Dois Ladrões” (1960)
- “Cacareco Vem Aí” (1960)
- “Pintando o Sete” (1960)
- “O Cupim” (1960)
- “Esse Milhão É Meu” (1959)
- “O Homem do Sputnik” (1959)
- “É a Maior” (1958)
- “De Vento em Popa” (1957)
- “Papai Fanfarrão” (1957)
- “Garotas e Samba” (1957)
- “O Golpe” (1956)
- “Guerra ao Samba” (1956)
- “Vamos com Calma” (1956)
- “Colégio de Brotos” (1955)
- “Nem Sansão Nem Dalila” (1955)
- “Matar ou Correr” (1954)
- “A Dupla do Barulho” (1953)
- “Carnaval Atlântida” (1952)
Na produção
- “Eterna Magia” (2007)
- “Torre de Babel” (1998)
- “Agosto” (minissérie, 1993) TV
- “O Marginal” (1974)
- “E O Espetáculo Continua” (1958)
Roteiro
- “A, E, I, O… Urca” (1990)
- “Assim Era a Atlântida (1975)
- “O Marginal” (1974)
- “Cacareco Vem Aí” (1960)
- “Garotas e Samba” (1957)
- “O Golpe” (1956)
- “Vamos com Calma” (1956)
- “A Dupla do Barulho” (1953)
Na edição
- “Guerra ao Samba” (1956)
- “Vamos com Calma” (1956)
- “Colégio de Brotos” (1955)
- “Nem Sansão Nem Dalila” (1955)
- “Matar ou Correr” (1954)
- “A Dupla do Barulho” (1953)
Como ator
- “Aí Vem a Alegria” (1960)
- “Somos Dois” (1950)
- “Afinal, o Que Querem as Mulheres?” (2010)