7:50A volta do Febeapá

por Ruy Castro

Em 1964, diante da sucessão de asneiras cometidas sob a nova ordem instaurada no país –militares invadem casa de professor e confiscam o clássico marxista “A Capital”, de Eça de Queiroz; artista plástico vai preso por fazer exposição cubista, estilo de pintura originário de Cuba; neto de general obriga neto de coronel a bater continência para ele na escola–, Stanislaw Ponte Preta criou na “Última Hora” o Febeapá –o festival de besteira que assolava o país.

Era para rir e, ao mesmo tempo, para chorar. A que ponto chegara o Brasil, com aquela gente no poder. Bem, há muito deixamos de ser uma ditadura, mas o Febeapá nunca morreu de todo. De alguns anos para cá, por exemplo, parece mais potente do que nunca. Com uma diferença: as besteiras agora só se voltam contra quem as comete. Como a presidente Dilma, uma renitente praticante.

Certa vez, disse que o filme “Vidas Secas” mostrava o drama dos nordestinos que saíam “do Nordeste para o Brasil”. De outra, situou no Rio a Baixada Santista. Classificou a mandioca como “uma das maiores conquistas do país”. No mesmo discurso, criou uma nova espécie humana: a “mulher sapiens”. E sempre foi distraída, não? Na campanha para sua primeira eleição, em 2010, seus assessores ousaram confundi-la com Norma Bengell numa foto da Passeata dos 100 mil, em 1968, e Dilma achou muito natural; depois, inventaram-lhe um doutorado em ciências econômicas pela Unicamp, e ela também não protestou.

Outro dia, justo ao ser acusada de praticar “pedaladas” para falsificar os números da economia, Dilma começou a pedalar de verdade, deixando-se fotografar andando de bicicleta em Brasília. Que festa seria Stanislaw entre nós!

Mas, como se vê, as besteiras não se voltam só contra quem as comete. Ao fim e ao cabo, todos somos vítimas desse caos mental.

3 ideias sobre “A volta do Febeapá

  1. Sergio Silvestre

    Então,se você sentar numa pedra e de um altiplano observar a planície,vai ver que somos 7 bilhões de idiotas,salvo a poucas exceções de alguns físicos e almas sem estrelismos fúteis.
    O ser humano é dotado de mediocridade a medida que ve o defeito dos outros e propaga isso para ser notado ou para parecer engraçado.
    Em 1964 uma parte dos brasileiros foram contra a ditadura militar,mas a maioria optou por votar por muitos anos na arena,e me lembro que as ilhas de votos do MDB era em porto Alegre e no Rio de Janeiro,é ali mesmo onde tem a maior densidade de atividades culturais e politica.
    No resto do Brasil a ARENA dava de lavada e os militares cada vez mais gostando do poder.
    E se perguntar hoje para um já idoso comerciante,ou para alguém que viveu fora da politica na ditadura militar,vai sem sombra de duvida dizer que era outros tempos,que conseguiu seu comercio e seus bens naquela época,onde a carga tributaria era menos de 20%que construirão quase tudo que ai está,como ITAIPU,BRS 101,116 ,EMBRATEL,e não existia nenhum pedágio ou outra arapuca que serve para abastecer caixa de campanha de políticos.
    Os generais pelo que eu ja li ,morreram e suas famílias não são milionários,não tem mansões nem aptos em Paris e Bertioga e se alguém roubava como dizem as más línguas,era muito pouco.taxavam de ladrões o MARIO ANDREAZZA,SHIGIAKI UEKI,DELFIM NETO,o primeiro morreu precisando de vaquinha para pagar seu tratamento de câncer,o segundo suposto milionário da palestras hoje para sobreviver e o Delfim até hoje é professor.
    Ai volto lá em cima na mediocridade do ser humano,e ao ver o presidente da assembleia com tres meninas que podem ser suas netas a tiracolo,dando sorrisos de satisfação e parecendo um reles tonto metido a aparecer e sendo aquele que é o destino das leis que amanhã devo respeitar,acho que a causa está perdida,os poucos homens santos estão quase extintos e fomos assaltados por alienígenas de um planeta que quebram sorvetes na testa.

  2. Zangado

    Silvestre perplexo, tantos idiotas é inconcebível, mas como explicar a re-eleiçao de Dilma? Será que os maravilhosos/as brazucos/as perderam para as metálicas urnas eletrônicas mais “convencidas” nunca antes nesse país (alguém repetia isso à encheção …) de que um poste poderia continuar governando (eufemisticamente) o País para a “felicidade geral e o bem da nação (alguém tb já disse isso …)? Eu estou mais de investigar essas urnas; elas devem saber o que não sabemos …

  3. Sergio Silvestre

    Ai gente,a reciproca é verdadeira,eles proliferam como pernilongos,tá ai a resposta.

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