por Zé da Silva
Libra
Antonio Marcos foi chamado ao palco. Eu estava do lado de cá da tela preto e branco da tv. Sozinho na sala, sofá de currvim, um buraco queimado de cigarro. A apresentadora loira o chamou como se fosse mostrar uma aberração. Ele entrou trôpego, não conseguiu falar, não conseguiu cantar – e saiu aplaudido. Ali, sozinho, chorei porque ele sempre compôs e cantou o que sofri desde sempre. A incapacidade de ser compreendido, principalmente por mim mesmo, em todas as relações afetivas. Logo depois ele morreu, porque mergulhou no poço para se salvar – e não deu. Fiquei com a certeza de que, se pudesse, aquela belíssima voz gritaria: “Sofro por saber que os que não sabem não sofrem”.
Sempre desconfiei que as composições do Roberto e Erasmo ,quem fazia tudo era o Erasmo,que bebia e até dava umas bolas,já o Roberto era muito Mauricio para compor na seca tanta coisa.
Grandes compositores são meio que doidões né,Michael Sulivan,Vinicius de Morais,Raul Seixas e uma pá deles,nota-se que os certinhos só fazem água com açucar.
Né mesmo ZB ,quando se tem uma bela garrafa de vinho na escrivaninha sai coisas bem melhores que a seco.