por Zé da Silva
Capricórnio
As flores não morreram e não eram de plástico. As flores estão aqui nesta foto em preto e branco que guardei durante 60 anos. Foram achadas num grande terreno no meio da cidade intoxicada. Hastes longas as seguravam e, naquela hora mágica, um vento as tirou da posição vertical. Ficaram mais nobres, em contraste com um capim alto que as cercavam. Era um dia de semana e a vida não era mistério. Não se faziam planos, apenas vivia-se e a pobreza não era feia. O clique foi feito na maquininha de plástico ganha no baú. Que felicidade! Agora, aqui, na minha frente, no papel já amarelecido, as flores ficam mais vivas pois alimentam minha alma de saudade.