… Como uma namorada (“Juro que tu és o primeiro, ó bruto ingrato!”) sabemos na pontinha da língua vermelha a cor da noite e o gosto da hora em que o sedutor Nelsinho, o Vampiro de Curitiba, chupou nossa carótida. Mumificada entre as páginas do livro – uma plaqueta, 74 páginas seis contos, impresso na Of. Gráfica da Papelaria Requião, jaz a camélia que caiu do galho, tentou dar dois suspiros, tossiu, tossiu e depois morreu.

Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, pouco importa, nenhuma cidade brasileira voltaria a ser a mesma depois daquelas notícias chegadas de Curitiba. Gozado, falava-se de Brasília como nova capital. Coitados, não entendiam nada de configuração de um novo país.

de Ivan Lessa, em texto publicado em maio de 1997 na revista Veja sobre o livro 234, de Dalton Trevisan