por Paulo Briguet*
Sou especialista em acordar cedo – e sei que vocês, meus sete leitores, também são assim. Todos os dias eu me levanto às cinco horas para rezar e escrever. No entanto, durante muito tempo em minha vida, eu acordava tarde e rezava uma única prece, composta pela frase que dá título a esta crônica: – Deus não existe.
Acredito profundamente que todos nós, do mais humilde ao mais poderoso, temos um acontecimento central na vida. Para uma amiga, foi ter de ficar na ponta dos pés para contemplar o rosto da mãe pela última vez. O acontecimento central da minha vida foi contemplar uma igreja incendiada em Mariana e sentir que ali estava o retrato da minha alma. Deus existe.
Enquanto os manifestantes gritavam ofensas e palavras de ordem diante da igreja em que se realizava o casamento do deputado, eu me sentei na pedra e fiquei rezando. Naquele momento, pensei na noiva, na mãe da noiva, nos convidados e principalmente nas crianças que testemunhavam aquela cena, do lado de dentro e de fora da igreja. Ali elas estavam aprendendo que o certo na vida é ofender, xingar, humilhar, atacar o próximo que não realiza aquilo que desejamos. Uma bela lição dos professores grevistas – esses que, conforme o JL noticiou neste domingo, não ganham tão mal assim.
Existem momentos na vida que são sagrados. Momentos que devemos respeitar sempre e de maneira incondicional: o nascimento, o batismo, o adeus aos mortos, o socorro aos enfermos, o casamento. Mesmo as sociedades mais bárbaras reservam determinados instantes para que os inimigos possam observar seus rituais.
Ao contrário do que muitos iluminados modernos acreditam, o casamento não é uma brincadeira. É uma instituição sagrada e essencial à vida em sociedade. Na cerimônia matrimonial, assiste-se ao nascimento de uma família. E sem a família a vida humana civilizada é impossível. Uma sociedade que desrespeita o casamento comete um ato suicida, como se desse um tiro no coração, como se gritasse uma ordem incontestável: – Deus não existe!
E se Deus não existe – lembraria um personagem de Dostoievski –, tudo é permitido.
*Publicado no blog “Com o perdão da palavra – E mais não digo porque não sei”, da Gazeta do Povo
Tem umas coisas que eu não sei pra que serve,uma é cientista politico,outra é desembargador e a mais esquisita é pra que serve o Paulo Briguet.
Começa um texto falando de Deus para chegar ao fim dele e puxar o saco do deputado Tiago Amaral.
Faço aqui um desafio ou uma penitencia,uma alma alegre experimenta ler as cronicas do sujeito por 7 dias no Jornal de Londrina.
Garanto que no final de semana já vai se sentir amargurado e de mal com a vida,vai ser coruja assim lá no seu partido o PSDB.
O casamento é uma convenção social e imperativa para a conjunção de bens e propriedades. O autor erra ao defender o respeito ao casamento, imputando um cerne sagrado e essencial à sociedade. Seu pensamento mágico aduz valor a algo que é mutável e que não corresponde à pluralidade de pessoas e culturas que existem no pequeno pedaço de rocha em que vivemos…
O que ele deveria ter abordado seria a necessidade essencial do amor sem o qual as convenções que o autor defende não existiriam… sem a qual a humanidade, num contexto idealista, não existiria …
A ausência de deidades não implica na ausência de normas… e citar Dostoiévski fora do contexto, é uma abjeção intelectual… o que ilustra claramente a síntese das ideias trazidas pelo autor.
Silvestre, o escriba londrinense poderia facilmente publicar no Blog do Campana. A verve é a mesma, Como diria o Leão da Montanha, saída pela direita !!!!