16:45Dilmar pirou?

Da coluna ‘Direto ao Ponto’, do jornalista Augusto Nunes, na Veja on line:

Ouça a íntegra e confira o trecho da entrevista espantosa: a presidente do Brasil já não governa sequer o que diz

O áudio em estado bruto e o texto sem revisão nem retoques, ambos divulgados pelo Portal do Planalto, informam que o que deveria ser uma entrevista da presidente Dilma Rousseff ao jornalista mexicano Dario Pignotti foi uma genuína conversa de hospício. O que se ouve e lê é um documento histórico tão precioso quanto perturbador. E o confronto de alguns trechos demonstra que o diálogo amalucado nada tem a ver com versão publicada por La Jornada.

Dos 22min22 aos 24min02, por exemplo, entrevistado e entrevistadora produzem em dueto uma estarrecedora sequência de frases desconexas, afirmações sem pé nem cabeça e apartes bêbados que a rapaziada do Portal do Planalto transcreveu com elogiável fidelidade:

PresidentaQual é a cor da sua bandeira?

JornalistaBranca, azul e vermelha.

PresidentaBranca, vermelha e azul, não é? Não, verde.

JornalistaNão, vermelha e verde, verde. Igual que a da Irlanda, igual que a da Itália, só que tem o escudo no meio, da águia com a serpente.

PresidentaAh, tem o escudo no meio, está certo, com a serpente. E deixa eu te falar uma coisa…

JornalistaMexicanos são grito de guerra,

PresidentaPor que que eu perguntei isso? Sabe por quê? Teve um teatrólogo brasileiro, que você deve conhecer, Nelson Rodrigues, que, além, disso, foi um colunista de futebol.

JornalistaSim, claro.

Presidenta: Que quando se referia à Seleção Brasileira, dizia que a Seleção Brasileira era a pátria de chuteiras, a pátria verde e amarela de chuteiras, Lá, a Seleção Mexicana é a pátria azul, branca e verde…

JornalistaNão, a camisa é verde, a camisa da Seleção. Sim, é verde.

PresidentaÉ verde? Então, é a pátria verde e chuteiras. A nossa também às vezes é verde, hein?

JornalistaAgora deixa eu fazer uma pergunta, uma pergunta...

Presidenta: Agora, a Petrobras é tão importante para o Brasil como a Seleção.

Jornalista: Claro.

PresidentaEntão, eu sempre disse o seguinte: se a Seleção Brasileira é a pátria de chuteiras, a Petrobras é a pátria com as mãos sujas de óleo.

JornalistaAh, isso é muito bom, Presidente, é uma frase muito boa.

Presidenta: E vocês têm também a pátria suja de óleo lá, a mão suja de óleo.

Jornalista: Desde o presidente Cárdenas.

PresidentaCárdenas, el grande presidente Cárdenas.

Recriada pelos editores mexicanos, essa intragável gororoba de 243 palavras acima servida virou uma sopa de letras que se pode engolir sem engasgos:

“Le cuento una historia: en Brasil hubo un escritor y cronista de futbol, Nelson Rodrigues, que cuando se refería a la selección decía que era la patria verdeamarilla con botines de futbol. En forma análoga, Petrobras es una empresa querida por el pueblo brasileño, para mí es tan importante para Brasil como la selección de futbol, y creo que en México ocurre algo parecido con Pemex, desde que el gran presidente Lázaro Cárdenas nacionalizó los hidrocarburos en los años 30″. 

(Tradução livre: “Ouça esta história. Tivemos no Brasil um escritor e cronista de futebol, Nelson Rodrigues, que se referia à seleção como a pátria verde e amarela em chuteiras. Faço uma analogia. A Petrobras é uma empresa querida pelo povo brasileiro, para mim é tão importante para o Brasil como a seleção de futebol, e creio que no México ocorre algo semelhante com a Pemex, desde que o grande presidente Lázaro Cárdenas, nos anos 30, nacionalizou os hicrocarbonetos”)

A versão em espanhol, reduzida a 79 palavras, expurgou o amalucado falatório que redesenha a bandeira do México e contamina as mãos da Pemex com a sujeira do Petrolão. Redundâncias bizarras ou bijuterias verbais foram para o lixo e a mulher indecifrável se tornou inteligível. Dá-se a isso o nome de “edição”. É só uma forma de vigarice que sonega aos leitores a informação essencial: o declarante é incapaz de traduzir em linguagem de gente o que lhe vai pela cabeça em permanente tumulto.

Vale a pena ouvir de ponta a ponta a entrevista inverossímil. Em pouco mais de uma hora, fica evidente que Dilma não faz sentido. Como a Constituição não autoriza a decretação do impeachment por insanidade mental, o Brasil segue lidando com uma presidente que não governa sequer o que diz. Os primeiros meses avisam que três anos e meio, em certos momentos históricos, podem ser a medida da eternidade.

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3 ideias sobre “Dilmar pirou?

  1. leandro

    Dizem por aí que esta entrevista aconteceu no complexo médico para doentes mentais e o estenógrafo, gravador ou taquígrafo foi o culpado da confusão. Mas pelo texto parece que ambas se sentiram em casa.

  2. Sergio Silvestre

    Fita a cara do Augusto Nunes e veja se ele lhe provoca um pouco de credibilidade,é um sujeito grotesco e sem um pingo de interesse de bem informar.Querem achincalhar a Dilma e o vão até as eleições de 2018,só que se esquecem que lá vai ter o Lula,e esses malucos da imprensa que já estão mechendo na gordura para sobreviver sua editora,não suportam mais 4 anos de PT no poder.

  3. Clint Eastwood

    De amalucado não vi nada, tratou-se de uma conversa informal, onde uma disse o que quis e o outro também. O blogger da revista quer ver chifre em cabeça de cavalo, e pensa que viu. E nunca fui e não sou fã da camarada presidanta.

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