Do blog Cabeça de Pedra
Olhou a vitrine e finalmente encontrou o que procurava desde o filme Juventude Transviada. O canivete automático estava lá, mas este tinha lâmina muito maior do que aquele da briga em que James Dean conseguiu derrotar o portador da lâmina/morte. Mais: o cabo era de madrepérola e isso o destacava num espaço cercado por uma quantidade enorme de armas brancas – ali era mesmo a Casa das Facas. Comprou e guardou. Não sabia para quê. De vez em quando apertava o botão para acompanhar o movimento rápido do aço e tentava ver o brilho tão descrito nos romances policiais. Olhava com carinho a arma. Um dia saiu às pressas ao ser chamado por um dos filhos que estava em situação de perigo, ameaçado por um vizinho maluco. Levou a arma no bolso da jaqueta. Chegou e foi confrontado. Puxou, apertou o botão e a falha aconteceu. A lâmina imóvel. Apertou de novo. Nada. O inimigo olhou aquilo e começou a rir. Ele também. O filho não entendeu nada. O perigo sumiu no ar. A arma voltou para o bolso. Uma maçã apareceu na mão de uma vizinha. Ele apertou o botão. Funcionou! Ele cortou a fruta ao meio e ofereceu ao adversário.