por Dirceu Pio
Há pouco tempo escrevi uma crônica super elogiosa a respeito do ator Alexandre Nero por seu desempenho extraordinário no papel de “O Imperador” como protagonista de “ Império” , novela das nove horas da Globo. Sei que uma coisa pouco tem a ver com a outra, mas fosse escrever hoje certamente não diria as mesmas coisas que disse e, com certeza, teria economizado muitos dos elogios que derramei, generosamente, sobre o ator que ele foi.
Vou logo avisando: não sou mórmon e não professo nenhuma seita que abomine a publicidade do álcool ; sou apenas um pensador independente que acha que os personagens que sabem que têm grande audiência na TV, capazes de influenciar multidões, deveriam ter uma atitude ética e recusar fazer propaganda de bebidas alcoólicas. Como, aliás, já fez há trocentos anos atrás o piloto Emerson Fittipaldi.
Alexandre Nero, Ana Maria Braga, vários cantores famosos de música sertaneja, provavelmente dizem a si mesmos e à própria consciência: “Eu faço publicidade de cerveja – e cerveja não mata”. Devem saber tanto quanto eu que isso é falso como uma nota de doze dólares. Que o diga Sócrates, um ídolo e tanto do futebol que teve, recentemente, seu fígado e sua vida destruídas pela cerveja. Os apaixonados pelo esporte — milhares e milhares — não tiveram como evitar, por mais que admirassem as qualidades do jogador.