Da Folha de S.Paulo:
Morre a diretora e atriz Judith Malina, co-fundadora do grupo Living Theatre, aos 88
Morreu na última sexta-feira (10) a atriz e diretora alemã Judith Malina, aos 88 anos.
Malina e o marido, Julian Beck (1925-85), fundaram o Living Theater, um grupo de ativistas e provocadores que avançou na ideia do teatro político nos Estados Unidos.
Ela foi vítima de um câncer no pulmão e morreu no retiro de atores Lillian Booth, em Englewood, Nova Jérsei (EUA), onde morava. A morte foi confirmada ao “New York Times” pela amiga e também atriz Karen Malpede.
Nascida em 1926 em Kiel, na Alemanha, Malina apareceu na televisão na série “The Sopranos” como Tia Dottie, uma freira à beira da morte que revela ao mafioso Paulie Walnuts que é sua verdadeira mãe.
Nos cinemas, ela é mais conhecida pelos filmes “A Família Addams” (1991), “A Era do Rádio” (1987), de Woody Allen e “Um Dia de Cão” (1975), no qual interpreta a mãe do assaltante Sonny Wortzik (Al Pacino).
LIVING THEATRE
O Living Theatre nasceu em 1947, em Nova York. Ganhou projeção a partir de seu exílio, entre 1963 e 68, período em que percorreu sobretudo a Europa.
Um dos espetáculos emblemáticos desse período de contracultura é “Paradise Now”, criação coletiva que pede a revolução individual e se opõe a tabus sexuais ou quaisquer formas de violência.
Em 1970, o grupo veio ao Brasil a convite do Teatro Oficina e Malina e Beck foram presos na ditadura militar, acusados de porte de maconha. Eles alegaram inocência, mas apoiadores do grupo, na época, suspeitaram que as autoridades prenderam o casal porque sabiam que eles estava preparando uma performance com caráter de protesto, que seria apresentada nas ruas de Ouro Preto (MG).
A prisão repercutiu no mundo inteiro e personalidades ligadas ao mundo cultural, como Susan Sontag, John Lennon e Jean-Paul Sartre fizeram um abaixo-assinado contra a polícia brasileira. O casal foi solto e deportado.