Para quem conhece um pouco da história deste país, contada da maneira como deve ser por Darcy Ribeiro em “Aos trancos e barrancos”, o trabalho da Força Tarefa do Ministério Público Federal, do juiz Sergio Moro e da Polícia Federal na Operação Lava Jato, que hoje está fazendo um ano, é algo que deve ser comemorado. Pode ser que o resultado final não seja o esperado, com o encarceramento por um longo tempo dos corruptos e corruptores que desviaram montanhas de dinheiro utilizando como biombo empresas estatais e apadrinhamentos de partidos e políticos, que também se locupletaram, na certeza de que nada aconteceria para estragar a festa – mesmo porque isso sempre existiu. Mas o que se está vendo nessas ações é o comportamento que deveria ser regra, mas é exceção – a de servidores públicos que honram suas carreiras e trabalham na defesa do patrimônio que é de todos e jamais deveria ser tocado por mãos podres de mentes deturpadas. A chicotada de moralidade que estes servidores estão dando, conseguindo algo que, tempos atrás, seria impossível, como manter na cadeia por um longo tempo os senhores das empreiteiras que se achavam acima da lei, mesmo porque mancomunados com os do poder público, esta chicotada é perfeita numa hora em que o país descamba para um perigoso pântano institucional. Os milhões de brasileiros que foram as ruas no domingo só o fizeram porque alimentados principalmente pelo que foi mostrado até agora pela Operação Lava Jato. É muita coisa coisa neste Brasil do “deixa pra lá”, do “jeitinho” e do “sempre foi assim e nada vai mudar”.