por Ticiana Vasconcelos Silva
O mar é como uma pele
Que, doce e leve, desliza sob suas mãos
Escoa em sacramentos noturnos
Ecoa em bocas desnudas
O mar é como um desejo
Que quando não vejo
Torna-se o segredo que conto aos anjos
Recolhe-se em meus lamentos e prantos
O mar é como uma agulha
Que transpassa minhas ataduras
Desprende-as como o orvalho ao sol
Macula-as para minha dor não ser só
O mar é como um realejo
Que Deus criou em um beijo
De Querubins apaixonados
E nos deu como graça de um estado elevado
O mar é como um canto
Que desfaz todo quebranto
E acolhe em seus braços
Todo aquele que se deitou sem cansaço
O mar é maior que a solidão
Que, perene, se transforma em formas
De um amor que deixou de existir
E fez de seus amantes a promessa de não mais partir
O mar é apenas o mar
Pois ainda não aprendemos a amar
E somente ele pode nos ensinar
A deixar o amor se entregar