por Yuri Vasconcelos Silva
Se o Sol sumisse agora, o brilho dele no dia ou da lua na noite só seria sentido oito minutos depois. A falta da gravidade desta estrela também só seria percebida oito minutos depois, porque, dizia Albert, nenhum fóton ou qualquer informação viaja a uma velocidade maior que a da luz. Uma consequência interessante disso é que, observando-se no espelho, o sujeito enxerga-se no passado. Isso é assustador, pois tudo que é visto ocorreu há algum tempo. Quanto mais distante o objeto observado está, mais no passado ele se encontra. Assim, todos estão sempre desatualizados sobre qualquer informação que lhes chega.
Quando se observa a olhos nus ou vestindo-os com telescópios, tudo que é visto, estrelas, planetas, galáxias, cometas e assim por diante, são o que compõem toda a matéria do universo conhecido. Quatro por cento. Somente isso que os olhos podem ver e entender do cosmos, pois sabe-se que desconhecemos 96% do que está lá fora, escondidos além dos limites atuais de nossa detecção. Deu-se o nome de Energia Escura para 70% deste mistério – e Matéria Escura para 26% restante. O termo ‘escuro’ não se refere à cor ou tom, mas sim ao lugar em que a humanidade hoje se encontra em relação ao conhecimento.
Nucleossíntese é o mecanismo que dá aos cientistas a alegria de dizer aos leigos que ‘todos são filhos das estrelas’. Quando proferem tal sentença, como se questionáveis poetas fossem, eles querem dizer que todos os elementos que existem no universo surgiram de dentro de alguma estrela que explodiu. Quando o universo surgiu no Big Bang, foram produzidos apenas dois tipos de átomos. Hidrogênio e Hélio, os mais simples e abundantes. Ao se aglomerar e fundir, devido à força da gravidade, acenderam-se como fósforos por toda parte do universo inicial. Uma estrela funde dois átomos de hidrogênio para gerar energia. Gera átomos de hélio como resultado. Em determinado momento, o estoque de hidrogênio se esgota, então a gravidade do sol passa a fundir hélio. Para cada junção de átomos, estes se transformam no próximo elemento. Para conhecer todos eles, é só olhar a tabela periódica. Deste jeito, a estrela vai armazenando em seu núcleo uma diversidade de átomos, como o Carbono e Nitrogênio, estes essenciais à vida. Quando o núcleo da estrela produz, por fim, o elemento Ferro, ela decreta sua própria morte. O sol não consegue fundir átomos de Ferro. Começa, então, a agonia da estrela. Enquanto lutava contra a própria gravidade para não implodir, usava a energia destas fusões nucleares para contrabalançar a força de contração. Sem esta energia, a gravidade vence. O resultado depende do tamanho da estrela. Se for grande o suficiente, oito vezes o tamanho do nosso sol, o astro flamejante vai encolher rapidamente até encontrar o núcleo de ferro. A contração ‘ricocheteia’ e então explode numa maravilha criadora de mundos. É uma Supernova. Com isso, átomos de toda espécie, que estavam armazenados dentro da estrela, se espalham em uma nuvem de gás carregada com os elementos essenciais para criar planetas, um novo sol e, com sorte, vida nos planetas. Tudo o que se vê neste pequeno e suburbano planeta, veio de uma Supernova.
A nucleossíntese é um fenômeno simples e comum em nosso cosmos. Razão pela qual os mesmos elementos periódicos que temos por aqui se repetem por todo o infinito. Então, perguntam-se os cientistas: por que nossa galáxia não está cheia de vida, com vizinhos por toda a parte? Alguns respondem que, provavelmente, as demais civilizações existiram de fato, mas evoluíram a ponto de se auto aniquilarem. Por isso o silêncio absoluto. Falta muito para nossa civilização alcançar a mesma façanha?
*Yuri Vasconcelos Silva é arquiteto