de Ticiana Vasconcelos Silva
Fora do contexto
Escrevo linhas retilíneas
E me esmero no apreço
De consertar erros grotescos
Sob suaves folhas minhas
Luares se formam
Sóis desaparecem
E eu nem mesmo traço
O que deles faço
Para que minhas linhas se cristalizem
Já não meço o desespero
De olhar o ponto que deu um nó no texto
Apenas me arremesso
Em um leve trançar de dedos
Escrevendo as vigas de um andar cinzento
Do alto vejo calores saborosos
Que se formaram ao vento
Inspiro-me no gosto do desgosto
Que cinge margens de desalento
E me deixam fora do eixo
Sofrendo, escrevo as torturas
Das linhas acesas
Tortas em suas trajetórias
Fartas de suas histórias
E lentas como o sol em setembro
Cansada, troco as linhas por espaços
E neles desenho os vazios do descaso
Que tive com as interrogações de um abraço
Que te dei por não saber dizer
Que a poesia cria laços