por Zé da Silva
Sagitário
Meia-noite. O despertador toca. Ele acorda, abre uma gaveta no criado mudo. Uma moringa de barro continua em silêncio. Ele tira uma língua de sogra. Assopra algumas vezes. Feliz ano novo, diz para o teto. Uma lâmpada pendurada num fio não responde. Ele olha em volta. Está sozinho. A roupa guardada numa mala velha e aberta. Não há rádio, televisão, nada naquele cubículo. Foi o que achou na cidade onde chegara há dois dias. Caminhando. Ele assopra de novo a língua de sogra. Ouve o barulho de poucos fogos. A cidade é pequena. Nos limites de uma densa floresta. A que ele atravessou na linha aberta algum dia por tratores e o fez se considerar um sobrevivente. A língua de sogra o acompanha há anos. Ele está feliz. Está vivo. Por isso comemora a passagem de ano.
Certo dia abandonei a caverna,sai com minha clava dando pancada em tudo ,brigado com a companheira.
Ela tomou um banho de cachoeira,se perfumou com ervas nativas ,me chamou de volta e se entregou para mim.
Aconteceu que ela nesse momento pensou na preservação da especie,abdicou de preconceitos e modelos e fez tudo para me agradar.
Então se passou o tempo e o homem parece que acha a mulher pouco importante,alguns até as odeiam,mas se não existisse útero não existiria o homem.FELIZ 2015.