por Ticiana Vasconcelos Silva
Destemidos após o pranto subjacente ao inocente raiar do dia, nos vemos nas transparências destes sons cálidos e incessantes como jóias que submergem de marés fortes e ondas que cristalizam constantes e graduais correntes de crayons ignóbeis e sutis.
Conhecemos as distâncias percorridas por nossos beijos silenciosos e nos aproximamos em jantares íntimos para simplesmente sussurrar palavras plenas de inconstâncias e de desejos misteriosos, porém físicos e táteis como a lua no céu de Vênus.
Morremos nos instantes mágicos da poesia criada por nossas fantasias e por nossas mãos cheias de imóveis singularidades.
Parimos nosso filho para dar vazão aos sentimentos profundos de duas almas solitárias e místicas, sofrendo os desatinos de uma razão feita de terra e suor.
Caminhamos sobre as areias do deserto costurado em nossas pálpebras, cansadas e maravilhadas pelo desapego aos nós feitos de areia e pó.
Ganhamos novos horizontes nas verticais linhas da imaginação que sobrevive de nossos maiores tombos e nos faz sobrevoar sobre as desconstruções das palavras que não dissemos e nos uniram.
Sozinhos, sabemos que o sol nos fez despertar daquilo que acreditamos ser vil e que agora é nossa mais soberana coragem para que atravessemos as margens de nossos navios atracados em portos solitários.
Dançamos como amantes em êxtase e desmanchamos nossos ideais para lentamente perceber o brilho que se escondia sob nossos pés.
Nos conjugamos e finalmente nos amamos sob os infiéis martírios da alma casta e doce.
Somente assim pude pressentir nossos mais noturnos brados, que nos colocaram frente aos mistérios que fingimos não existir.