Do blog Cabeça de Pedra
O soldado enfiou o cano da metralhadora pela janela do carro e a ponta ficou perto da têmpora dele. Minutos antes, no meio da madrugada, tinha feito uma lambança com o carro onde aprendia a dirigir. Quase bateu de frente num táxi – que teve de subir na calçada em frente a um cemitério. Ele pisou fundo porque sabia que o taxista poderia vir atrás. A mulher que estava ao lado apoiou. Não contavam com a barca negra lotada de meganhas vestidos de preto que estava logo atrás e imediatamente ligou a sirene. Ele parou para não ser metralhado. Não tinha habilitação, dirigia de sandália, mas também não bebia. Pediu para o soldado chamar o comandante da tropa. Veio o sargento. Ele mostrou uma carteirinha de oficial. De verdade. O sargento bateu continência, mas recomendou à mocinha que assumisse o volante. Ela fez isso. Mais tarde, já em casa ele tirou de dentro da cueca uma pacoteira de cannabis que carregava por ter comprado antes da aula – e foi dormir aliviado. Naquela noite ele não fumou.