… Alex é um dos craques que não jogaram uma Copa do Mundo. Uma das razões é que competia com Ronaldinho, Rivaldo e Kaká, que se tornaram os melhores do mundo. Outro motivo é que muitas pessoas não compreenderam a grandeza de seu talento. Quando Alex não brilhava, diziam que era sonolento, um vagalume, que acendia e apagava. Na Copa de 2002, Felipão preferiu Juninho Paulista e Edílson, apenas dois bons jogadores.
Alex esperava o momento certo de brilhar, de dar um passe espetacular e fazer um belíssimo gol, assim como os grandes pintores impressionistas, que trabalhavam nos cantos abertos, esperando a intensidade ideal da luz para pintar o que pretendiam. Alex, em poucos lances, era mais efetivo do que os que estavam sempre com a bola, tentando a jogada errada, ou impossível. Alex era melhor do que parecia.
*Leia abaixo a íntegra da coluna publicada na Folha de S.Paulo
Mais do que craques
Rogério Ceni, 41 anos, e Alex, 37 anos, anunciaram suas aposentadorias. Os dois, e mais Zé Roberto, 40 anos, são ainda destaques de suas equipes.
Rogério revolucionou a posição, pela habilidade com os pés e pelo número de gols marcados, além de ser ótimo goleiro. Em 2000, após amistoso da seleção, nos Estados Unidos, me encontrei com Rogério no aeroporto. Eu trabalhava na TV. Ele se aproximou e perguntou o que eu tinha achado da atuação. Disse a ele que foi boa, com sinceridade.
Na época, tive a maliciosa impressão que Rogério era um desses atletas que gostam de agradar os comentaristas, para ser elogiado. Ocorre também o contrário. Jornalistas que ficam próximos a atletas e treinadores, para terem fontes de informação. Retribuem com elogios. Com o tempo, percebi o engano. Rogério, por ser tão perfeccionista, gosta de escutar outras opiniões, para ajudar em sua avaliação.
Alex é um dos craques que não jogaram uma Copa do Mundo. Uma das razões é que competia com Ronaldinho, Rivaldo e Kaká, que se tornaram os melhores do mundo. Outro motivo é que muitas pessoas não compreenderam a grandeza de seu talento. Quando Alex não brilhava, diziam que era sonolento, um vagalume, que acendia e apagava. Na Copa de 2002, Felipão preferiu Juninho Paulista e Edílson, apenas dois bons jogadores.
Alex esperava o momento certo de brilhar, de dar um passe espetacular e fazer um belíssimo gol, assim como os grandes pintores impressionistas, que trabalhavam nos cantos abertos, esperando a intensidade ideal da luz para pintar o que pretendiam. Alex, em poucos lances, era mais efetivo do que os que estavam sempre com a bola, tentando a jogada errada, ou impossível. Alex era melhor do que parecia.
Zé Roberto sempre foi destaque em várias posições. Iniciou na lateral, como atua hoje no Grêmio. Jogou de volante, meia ofensivo, ala, no esquema com três zagueiros, e de ponta avançado. Gostei mais quando jogou de volante, meio-campista, de uma intermediária à outra, pois sempre teve muita mobilidade e habilidade. Nesta posição, foi titular na Copa de 2006 e eleito para a seleção do Mundial. Seu reserva era o excepcional Juninho Pernambucano. Pioramos muito no meio-campo e na maioria das posições, após 2006.
Rogério Ceni, Alex e Zé Roberto são muito mais do que craques. São atletas, cidadãos, lúcidos, inteligentes, que falam o que pensam e que pensam para falar.
ATESTADO DE QUALIDADE
Ganhar o Brasileirão, o mais importante campeonato nacional, é muito difícil, com tantos candidatos ao título. Vencer duas vezes seguidas, como deve ocorrer, hoje ou nas duas próximas rodadas, é mais que uma conquista. É um atestado de qualidade, de seriedade, um modelo para o futebol brasileiro.
*Publicado na Folha de S.Paulo