por Yuri Vasconcelos Silva*
Um Kahlo no MON
Alardeada em várias mídias, a publicidade do Museu Oscar Niemeyer conseguiu gerar expectativas nas boas pessoas ansiosas para ver uma mostra de Frida Kahlo. Mas, ao invés da alegria em estar diante das telas originais da artista, o balde de água e gelo ao encontrar uma exposição de fotografias de Kahlo, sobre a Kahlo, para a Kahlo. Não tão importante quanto o trabalho da artista, mas ainda assim interessante. Fica apenas a dúvida se foi uma manobra de marketing proposital ou falha na divulgação sobre o conteúdo da exposição. Há tempos o MON não traz uma exposição interessante capaz de lotar suas galerias.
Faixa Verde
A nova solução urbanística de Curitiba em importar o paliativo de outras metrópoles evidencia a fragilidade deste modelo logo na inauguração. Um exemplo visível a qualquer pedestre, ciclista ou motorista que desce a rua XV de Novembro, é a faixa verde exclusiva de ônibus que foi implantada, apertando os veículos nas duas restantes e sem chance para o ciclista na pista de rolamento. A conversão à direita se tornou mais complexa e perigosa aos carros, pois deve-se atravessar o caminho dos ônibus que correm rápido na pista vazia. Soluções que não são integradas a um plano maior e sistematizado correm o risco de colapsar em pouco tempo. Se foi imaginado uma solução que privilegie o transporte coletivo em detrimento do transporte individual, louvável. Seria interessante também aumentar o custo de se ter um veículo próprio – ao invés de estimular o consumo destes – e oferecer um sistema de transporte coletivo completamente confortável, barato e em quantidade. Resumindo, o indivíduo não compraria o carro porque é caro. Porque o ônibus (ou bonde elétrico…) apareceria a cada cinco minutos. Todos viajariam sempre sentados e confortáveis, vendo as últimas notícias da cidade em TVs (inclusive sobre a mostra de Frida Kahlo…), em um ambiente bem ventilado e higienizado. Dentro de um esquema integrado que poderia te levar a qualquer parte da cidade com o mesmo conforto, a baixo custo. Apenas pintar uma faixa verde no asfalto é otimismo exagerado.
1984 em 2014
O livro e filme “1984” que antecipou a vigilância ostensiva sobre todos chegou em Curitiba este ano, catalisado pelos jogos da Copa do Mundo. São câmeras instaladas nos principais cruzamentos da cidade, para monitoramento do tráfego em tempo real. Ótimo, quase como em Londres. O estranho foi a maneira como os singelos equipamentos foram instalados. Para apoiar cada câmera não maior que uma caixa de sapato, foi instalado um desmedido poste metálico, exclusivo, criando uma desproporção esquisita. Algumas esquinas, já poluídas com os habituais postes dos semáforos, sinalização e rede elétrica, agora podem contar com mais alguns fincados na calçada. O mais peculiar é notar as câmeras e seus respectivos postes instalados ao lado, ou mesmo sobreposto, aos dos semáforos. Por que estes olhos do Grande Irmão não foram instalados na estrutura de posteamento já existente?
*Yuri Vasconcelos Silva é arquiteto
Quando vejo uma foto de Frida, me khalo.
Solda
Parabéns, Yuri, novamente por fazer análises precisas, com bom senso e responsabilidade. Acertou em relação à exposição das fotos da Frida Kahlo. Ainda não vi, mas já ouvi comentários semelhantes aos seus.
Pois é Yuri, você afirma coisas de forma simples e objetivas. Parte do que você tem comentado eu já ouvi e participei a muitos anos atrás. Tudo isso era chamado de ” planejamento”, hoje não sei como se chama ou não tem nome. Nota-se que de uns tempo para cá as administrações publicas tem nos seus quadros verdadeiras “REPÚBLICAS INDEPENDENTES”, onde cada qual puxa para seu lado querendo capitalizar para si sem observar o conjunto. Só um exemplo, aqui em Curitiba havia, não sei se existe ainda um setor chamado COC, que fazia a Coordenação de Obras de Curitiba, procurava integrar e organizar as intervenções de obras e serviços na cidade. Parece não haver nem a COC muito menos a conjunção de forças no sentido de saber oque e quando cada qual faz algo e pior ainda, isso no âmbito do Município, quando envolve o Estado dentro da cidade a coisa complica mais ainda e piora muito em relação a Região Metropolitana. Aliás para encerrar , uma economia poderia ser da extinção de algumas secretarias e da COMEC também, entrando nesse balaio o IPPUC que até hoje não disse a que veio nessa gestão.
O Yuri mostra conhecimento e tem toda razão, quem não sabe disso é só andar pela cidade que vai notar a bagunça que se encontram as sinalizações, os postes, a fiação, que não se sabe o que é isso, tem cabos de telefone, tv a cabo e coisa e tal pendurados, arrebentados, uma bagunça, isso em toda cidade. A situação se agrava com os postes de todo tipo e de todas as funções agravando a poluição visual das placas de publicidade ( pior ainda nesse período eleitoras com os cavaletes). Não há sequer uma fiscalização das posturas municipais com relação a quantidade e tamanho das placas de publicidades das empresas, deixando a parte visual de quem trafega de qualquer jeitos, quer a é, ao de qualquer veículo fique perdido pois além de termos ruas sem indicativo nominal as demais placas confundem qualquer um, enfim a cidade está totalmente bagunçada. Um exemplo disso, é só você andar mesmo a pé pelo centro que terá surpresas como: Buracos , placas de sinalização desses , ruas sem nomes ou placas nominativas, publicidade, ato falante em frente de lojas, semáforos, câmeras, telefones públicos ( estragados) e comércio ambulante irregular com peças de todos os tipos espalhados nas calçadas onde a gente tropeça e por aí afora. Que saudades de duas engenheiras que a Prefeitura tinha em seu quadro funcional.
Caro Yuri, faço minhas as suas palavras, mas quanto ao transporte coletivo discordo. Durante alguns anos ia de carona com um dos meus filhos para o trabalho. Depois comecei a ir de ônibus, era mais saudável para o meio ambiente. Um dia o meu filho me disse: pai você está pagando para ir trabalhar, vá de carro que é mais barato. E não é que o guri estava certo, nunca mais fui de ônibus, gastava o preço de uma passagem para ir e voltar do trabalho. Ir de ônibus às vezes é mais caro do que tirar o possante da garagem. Vamos repensar o sistema ou ficamos quebrando as nossas cabeças tentando resolver o que não tem solução?
Ao contrário do comentario que li, eu fui e gostei da exposição da Frida. Não sei porqeu você achou que seriam as telas, li em váaaaaarios lugares antes de ir que eram fotografias, dela e do pai dela.Foi isso inclusive que me deixou mais curiosa pois são raridades. Espero um dia que as telas venham mas tenho que discordar de você quanto a exposição, eu gostei muito assim como meus amigos que vieram de SP para ver essa exposição. Ah, eles também já sabiam que eram fotografias.