Do blog Cabeça de Pedra
Comi o chocolate, sim. E daí? Antes, escondido, comi mais. Saí sem avisar ninguém. A desculpa era despachar um presente na agência dos Correios. Tem uma padaria ali do lado. E o paraíso em forma de prateleira com muitos e muitos tipos. Agora a moda é branco e preto, que é marrom. Delícia. Gosto de amargo, meio-amargo. Só não desce os crocantes. Lembro sempre de caco de vidro. Comi e como, sim. E daí? Meu peso? Perto de duzentos. Não, não vou ao médico faz muito tempo. Nem lembro. Acho que era bebê. Depois, me revoltei. Queriam que eu parasse evitasse. Eu tinha cinco anos. Agora tenho doze. Guardo todas as embalagens. Com amor. Adoro as cores, os nomes. Às vezes abro o armário onde estão armazenadas – e fico cheirando. Encosto o rosto nelas. Prazer imenso que sinto. Claro que gosto mais de comer. Ninguém tem nada com isso. Só meu pai. Mas ele morreu e me deixou uma grande herança. Sim, ele morreu de comer chocolate. Eu vivo para honrar a sua memória.