Do Ministério da Justiça
Comissão de Anistia e comissões da Verdade analisam perfis de perseguidos políticos
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça entregou, nesta segunda-feira (1º), à Comissão Estadual da Verdade do Paraná e à Comissão da Verdade da Universidade Federal do Paraná, relatórios que traçam o perfil de anistiados. A análise foi feita a partir do acervo da Comissão de Anistia.
A apreciação de 32 processos deferidos e arquivados no acervo da Comissão de Anistia, o que representa uma amostra de cerca de 10% dos pedidos do estado, descobriu que jovens adultos (41% entre 31 e 40 anos) e homens (94%) foram os mais atingidos; que 21% dos anistiados urbanos no estado eram trabalhadores do setor bancário; que 30% dos bancários perseguidos pertenciam ao Banco do Brasil; que pelo menos 17 tipos de perseguições diferentes foram usadas (prisões e perseguições indiretas como a remoção, o impedimento de assumir cargos públicos, de chefia ou de participar de seleções, e demissões); e que 68% dos atos de exceção no estado ocorreram entre 1964 e 1967.
Uma investigação específica foi feita sobre requerimentos de alunos, funcionários e professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) atingidos ou perseguidos pela ditadura. A análise de oito processos do acervo da Comissão de Anistia mostrou que todos militavam no movimento estudantil ou em partidos de oposição. Dados também mostraram que todos foram monitorados e perseguidos pelo governo militar entre 1967 e 1976, e que prisões e atos de tortura foram praticados.
Os relatórios para as comissões da Verdade são fruto de um termo de cooperação entre a Comissão de Anistia, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).