7:05Desconhecidos na própria casa

por Yuri Vasconcelos Silva

Alfred Willer, Leonardo Oba, Sanchotene ou até mesmo João Vilanova Artigas são, para muitos paranaenses, nomes desconhecidos. Uma pena, pois confirma que a arquitetura nunca vendeu muito jornal, nem mesmo se escondida num caderno cultural.

O interessante é que edifícios como a sede da Petrobras, do BNDES ou o da FAU-USP devem ser, provavelmente, ícones mais populares e reconhecidos que seus autores. Dizem que, quando uma obra de arte ultrapassa seus autores, ela se legitima. Mas não faria mal saber que o Paraná sempre foi prolífico em gerar arquitetos talentosos e ganhadores de concursos nacionais. Ainda hoje desafiamos o consagrado eixo Rio-São Paulo exibindo trabalhos de boa qualidade arquitetônica e urbanística.

Na década de 1970 os arquitetos Alfred Willer, Leonardo Oba, José Sanchotene, Ariel Stelle, Joel Ramalho, Oscar Mueller e Rubens Sanchotene participaram de um concurso para a construção da sede do BNDES, que seria erguido em Brasília. Ganharam com um belo edifício e seus andares suspensos de cima para baixo, desafiando a gravidade e a engenharia. A localização do prédio mudou – foi para o Rio de Janeiro e, com isso, um novo projeto encomendado à turma paranaense. Nascia então um edifício elegante, como uma senhora de espartilho, com um núcleo de concreto e suas lajes avançando em balanço, seguindo à risca o estilo internacional do arquiteto alemão Mies van der Rohe. A idéia dos pavimentos suspensos de cima para baixo, ao invés de pilares, viajou junto para o Rio de Janeiro, mas acabou não vingando por questões de custo.

Quando aparece na televisão, podemos ver a sede do BNDES flutuar sobre um talude e avenida, adornado por jardins de Burle Marx, observando no outro lado da rua um edifício criado na prancheta dos arquitetos Luiz Forte Netto, José Maria Gandolfi, Roberto Gandolfi, José Sanchotene e Abrão Assad. Trata-se da sede da Petrobras, um edifício maciço, circundado por brises, com enormes vazios que dão lugar aos jardins suspensos de Burle Marx. É o resultado concreto da vitória no concurso que teve Artigas como juri.

Ainda que pareça glória de tempos militares, quando se investia muito nas sedes das grandes estatais, atualmente há interessantes concursos nacionais de arquitetura – e os parananenses continuam desafiando o “eixo”. Ganhamos as disputas para a estação da Marinha na Antártida; um Centro Cultural e Exposições em Cabo Frio; outro Centro Cultural em Nova Friburgo, todos estes desenvolvidos pelo jovem escritório de arquitetura Estúdio 41. Outro escritório igualmente jovem, a Grifo Arquitetura, ganhou recentemente o concurso nacional para o SESC Osasco.

Os paranaenses devem sentir orgulho da arquitetura que sai daqui e se espalha pelo país e polo sul. Mas… perguntar não ofende: por que nossa cidade não constrói melhores edifícios e soluções urbanas? E por que mal conhecemos estes profissionais?

Uma ideia sobre “Desconhecidos na própria casa

  1. antonio carlos

    Este povo todo se formou na Centenária, mas naquele tempo em que eles eram estudantes os professores não ensinavam só o que queriam, ensinavam o que era preciso saber para ser um bom profissional. Hoje os mestres ensinam o que querem, e aí os alunos não sabem o que fazer com o que aprenderam, quando aprenderam alguma coisa.

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