Do blog Cabeça de Pedra
Não foi como no filme. Ele estava de bem com a vida sob o céu azul e sol ameno. Mas ao olhar o cassetete que comprara numa feira de antiguidades… teve um troço. Pela primeira vez olhou a etiqueta colada e lá estava escrito que era inglês e do início do século passado. A primeira imagem que veio foi a dos policiais que perseguiam Carlitos. Sim, ele era cinéfilo e tinha um arquivo impressionante de cenas na memória. Aí vieram cenas de pancadaria pura em cima de grevistas, trabalhadores de minas de carvão, estudantes querendo mudar o mundo, etc. Ele empunhou aquele pedaço de madeira e as primeiras vítimas foram os santos e anjos que mantinha num pequeno altar. Depois espatifou a tela do computador que estava ligado, quebrou todos os televisores e espelhos da casa e saiu para rua com olhar esbugalhado – em busca do que não sabia. Não atacou ninguém, mesmo porque as pessoas ficavam bem distantes dele. Foi então que viu um casal de canários da terra ciscando num jardim. Parou e ficou olhando por um longo tempo. Depois sentou no meio-fio e começou a chorar e soluçar feito menino perdido no oco do mundo.