A propósito da pressão que o chamado setor imobiliário e empreiteiras fazem para invadir bairros tradicionais de Curitiba onde não é permitido construir prédios, recebemos o texto de um engenheiro brasileiro que mora no exterior e que pede não ser identificado por motivos óbvios, mesmo porque tem parentes que moram no Brasil. Confiram:
Pessoa jurídica não tem alma. Seu interesse único é o lucro crescente ano-a-ano. Seria melhor se das empresas fosse retirado o termo “pessoa”, em especial das empreiteiras e construtoras. Ainda que tentem passar uma idéia de preocupação com a qualidade de vida de seus clientes e meio ambiente, os fatos apontam que este humanismo surge apenas quando o projeto chega à mesa de um um esteticista contratado para maquiar, o publicitário.
Cabe à construtora o dever de obter um eficiente retorno financeiro aos seus sócios e colaboradores. Contornando preocupações urbanísticas, legislativas ou até mesmo humanas, criaram um manual secreto, redigido às sombras das altas cúpulas capitalistas e inspirados no desejo de ganhar sempre. Finalmente tal livro vaza e é aqui colocado à luz. Seus sete pilares são revelados.
1- Para cada porção de térrea, apinharás o maior número de pessoas possíveis, de preferência na vertical, multiplicando o valor recebido por metro quadrado pela quantidade de famílias na mesma área, umas sobre as outras. Corromperás a legislação de uso do solo, aumentando o máximo possível a altura de suas torres.
2- Avançarás sobre bucólicos bairros residenciais, com bonito entorno, comércio tradicional e até centenário, mas terras baratas. Comprarás o maior número de solo que lhe couber nos bolsos e aguardarás o novo Plano Diretor da cidade. Quando seus lobistas conseguirem alterar a legislação, àquelas terras somarão-se valores imensos com a nova permisão de adensamento. Inicie então suas construções. Jogue sombra e frio sobre as casas resistentes, erga muros farpados e aponte mil olhos de câmeras para quem ousar se aproximar.
3- Cada pavimento deverá conter o maior número de unidades possíveis. Para isso, esprema cada cômodo ao menor tamanho cabível dentro da lei. Se a unidade demasiada pequena ficar, retire as paredes internas e as nomeie de Stúdio ou Loft.
4- Lance suas forças em nobres áreas da cidade, mesmo as ocupadas por edifícios íconicos e tradicionais. Forneça vantagens e dinheiro a sedes de clubes, igrejas, parques particulares, casas e palacetes antigos e até mesmo tombados. Tudo em troca das terras que estas ocupam. Derrube a história e construa o lucro.
5- Para justificar o alto valor cobrado por uma unidade em suas torres, compensarás os exíguos espaços nestas alcovas. Ofereçerás no nível do solo atividades recreativas, como piscinas, cozinhas comunitárias, fogueiras, bancadas para cães e mulheres se embelezarem, esportes. Dê nomes em outras línguas para cada área: wellness center, espaço gourmet, praça fireplace, pet care e women beauty center.
6- Economizás na construção, com mão de obra barata, materiais de baixo custo e projetos baratos ou quase de graça, estimulados pela concorrência dos escritórios de engenharia e arquitetura em serví-los.
7- Por fim, apelarás à vaidade dos compradores consagrando nomes em françês, inglês ou italiano às suas obras.
Com o risco de desaparecer nas próximas horas – eles estão em toda parte – envio meu desejo de justiça ao bom urbanismo e boa arquitetura para o futuro de nossa cidade. E que me procurem em fundações de concreto nos mais recentes empreendimentos.
O sete “sacramentos” das construtoras são praticados à exaustão nesta city que ria, talvez muita gente não saiba, mas um dia a nossa cidade foi chamada de Sorriso. Mas isto é coisa para gente com bastante anos por aqui. E salvem os sempre novos prédios no Ecoville que, como o Champagnat, só existe na cabeça das construtoras e das imobiliárias.
As ai…..realmente….não pede para ser identificado, e expõe os sete pilares das construtoras…..é para rir ou para chorar? O dito engenheiro deveria então sugerir como comportar a população em suas cidades…cada indivíduo deveria construir sua casa, onde bem quiser? Mais uma, qual o problema com o lucro? Ele consegue permissão, constrói, gastando, e quem puder compra…..chega a ser bizarro este pensamento….uma ideologia nefasta, indigesta….sem falar, que não apresenta nenhum tipo de solução….que nossos urbanistas deixam a desejar é fato….que existe negociatas de empreiteiras e governos também….porém, isso não implica que os vilões da sociedade são as construtoras, os engenheiros, os sócios e quem mais queira lucrar….leio este texto como uma piada, como uma ironia…pois se este senhor anônimo de fato pensar assim, sugiro para ele ir atrás de auxílio médico urgente
Quem deve responder e principalmente solucionar os problemas que possam aparecer em razão da ocupação do solo de maneira esordenada é a Prefeitura; A proósito do assunto, a Prefeitura está fazendo audiências públicas tendo como um dos objetivos colher subsídios para elaboração do Plano Diretor da cidade. O PD é o instrumento que vai nortear para onde e como Curitiba deve seguir, todavia se não tomarem cuidado fatalmente a desorganização quer do uso do solo como o zoneamento de atividades ficarão piores. Não quero ser o profeto do caos, mas algo me diz que teremos problemas com a possibilidade de abrir muita discussão sobre o assunto sem a filtragem de pessoal especializadas na matéria e que n]ao sejam ligadas a grupos empresariais. Esse pessoal está por aí disponível e o pessoal do IPPUC sabe quem e onde estão somente precisam despojar-se patrulhamentos partidários e de possíveis partículas menores de invejas que por ventura tenham sobrevivido. Tem gente muito boa por aí que não possuem nenhum vinculo politico e são verdadeiros técnicos que já demonstraram capacidade anteriormente.