Do blog Cabeça de Pedra
Uma estrada e uma ponte que cruzava um lago, um mar. Ele não lembra bem. Estava viajando no banco do carona e um sacolejo o fez acordar e se deparar com aquilo. O sol tinha descido e a luz era a que antecede o breu da noite. Barcos minúsculos ainda se conseguia ver na lâmina da água escura. Parecia cinema. Ficou para sempre com aquilo na memória. Imaginava filmar ali, apesar de nunca ter empunhado uma câmera. Não sabia o enredo, nunca tentou fazer o script, mas sabia que aquilo precisava ser registrado porque os personagens dispersos começaram a povoar sua alma. Ficou velho e nunca mais passou por aquele lugar. A cena nunca saiu da tela viva do filme de sua memória.