Há cinco anos perdi minha prima Izabela Maria Furtado Kestler na tragédia do vôo 477 da Air France. Era professora de departamento de línguas anglo-germânicas do curso de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eu brincava com ela dizendo que, nascida da união de um pai alagoano e mãe paraibana, se transformou numa espécie de milagre internacional pois, com certeza, era única intelectual da família. Além dos laços familiares e da amizade, nos unia a paixão por Raymond Chandler, um dos grandes mestres do romance policial. Quando foi embora, Izabela ia para a Alemanha dar uma conferência sobre seus estudos a respeito da vida e obra de Goethe. Nesta data de lembranças tristes, a boa notícia é que em breve será publicado em forma de livro a coletânea de artigos que produziu sobre 23 dos ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura. Sua família doou os direitos autorais para que a revista onde foram publicados tenha um suporte para a sobrevivência. Amém.