Do analista dos Planaltos
Vargas Llosa, grande romancista peruano, escreveu “A Festa do Bode”, sobre a morte de Rafael Trujillo, generalíssimo, ditador da República Dominicana. André Vargas, político petista brasileiro, protagonizou outro tipo de festa: a do bode expiatório.
O bode expiatório é uma tradição judaica. O sacerdote colocava as mãos sobre a cabeça do animal e confessava os pecados do povo. O bode, devidamente “carregado”, era enxotado para o deserto levando consigo os pecados de toda a gente.
André Vargas virou o bode expiatório dos pecados de muita gente do PT. Foi escorraçado para o deserto, perdeu a legenda e continua sendo perseguido pelos antigos correligionários, que agora querem também cassar seu mandato.
Que Vargas serviu de bode expiatório é evidente. O caso mais flagrante é o de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, sem o jamegão dele, aquela laranjada, de produzir Viagra genérico para o governo no Labogen, jamais prosperaria.
Pois enquanto Vargas vagueia pelo deserto, expiando os pecados do PT, sem partido, perseguido pelos petistas, Padilha vende saúde política.
Talvez bode expiatório não seja a expressão exata. O “bode”, do Antigo Testamento, pagava pelos pecados dos outros. Vargas está pagando pelos seus próprios (e muitos) pecados, com o detalhe que leva a reboque o dos outros.