Os bancos estão devendo R$ 341 bilhões aos poupadores que foram tungados pelos juros de mora que estas instituições não pagaram durante os vários planos econômicos do final do século passado. Se um brasileiro não pagar os juros escorchantes do cheque especial durante um ano, ou seja, da grana que outro brasileiro colocou lá na poupança do banco para receber algo abaixo da inflação real, corre o risco até de ser preso antes de dar um pio. A decisão de ontem da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é um marco histórico, mas não é hora de comemorar. Este trem agora vai para o Supremo Tribunal Federal e os bancos têm as melhores bancas de advogados do país defendendo-os contra quem os mantêm vivos e os colocaram no topo da rede mundial de instituições financeiras, graças ao agrado recebido com a política econômica adotada por nossos últimos governos. De três em três meses este povo que briga para receber o que merece é espancado pelas notícias dos lucros do banco A, B ou C, incluído aí os estatais. Os bancos fazem chantagem ao sustentar que, se perderem esta causa, o abalo no sistema financeiro do país seria catastrófico. Alguém aí está com pena ou medo? Resta aguardar o que os ministros do STF vão decidir na próxima quarta-feira (28) – isto se, nos bastidores azeitados do poder, a coisa não se prolongue até o próximo século.