Possuímos, segundo dizem os entendidos, três poderes – o Executivo, que é o dono da casa; o Legislativo e o Judiciário, domésticos, moços de recados, gente assalariada para o patrão fazer figura e deitar empáfia diante das visitas. Resta ainda um quarto poder, coisa vaga, imponderável, mas que é tacitamente considerado o sumário dos outros três. […] Aí está o rombo da Constituição quando ela for revista, metendo-se nele a figura interessante do chefe político, que é a única força de verdade. O resto é lorota.
de Graciliano Ramos, em artigo de 1915 para o Jornal de Alagoas
Na veia, como cumpre ao velho Graça.
O compadrio entre os poderes – vergonhoso, escrachante, sem nenhum constrangimento – entre os males do Brasil estão, sobressaindo-se aí o Paraná.
Enquanto a sociedade se portar como súdita submissa dos “donos do poder”, os detentores de cargos e mandatos públicos, nada mudará nesse quadro.
A República não existe para a sociedade, existe para a politicagem e para os detentores de cargos e mandatos públicos.
E quem outorga cargos emandatos públicos ao enorme Leviathan público – a sociedade, a cada dois anos com possibilidade de reeleição – e não desconfia que nesse jogo o mico sempre tem ficado na sua mão.
Até quando gente?