Tudo que me permeia
É uma metáfora
Meio lua meio nada
E quando busco
Fico parada
E quando paro
Extasiada
E a canção
Desta escada
Fictícia
É minha namorada
Ela, a apaixonada
Eu, a eterna alada
Voz que sobe às alturas
Das lonjuras da dor
E aqui fica o corredor
Que leva ao pó
Só na minha multidão
De todas as manhãs
Quando acordo
E encontro minha saudade
Daquela cidade de mel
O céu a dois dedos
De meu cabelo
E logo cedo
Eu cedo à tentação
Um não covarde
A glória que arde
Em minhas pálpebras
Abro a escuridão
Com a mão
E pinto o chão
Em toda ilusão
8:08A VIDA COMO ELA É
Foto de Alberto Melo Viana e Zeca Corrêa Leite
7:56JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
Jogadores da dupla Atletiba que saíram na porrada no gramado do estádio Couto Pereira deveriam passar pelo menos uma noite na cadeia. Talvez assim aprenderiam a respeitar quem paga ingresso para ver futebol, mas só entregam selvageria. No caso do torcedor coxa-branca racista, a polícia poderia proporcionar um encontro reservado dele com o zagueirão Léo Pelé, para que, no diálogo, chegassem a um entendimento.
7:48Clássico capixaba na tv dos paranaenses
Do ombudsman
Ontem, enquanto a RIC/Record transmitia o clássico Coritiba x Athletico, ao lado da NSports no youtube, a TV do governo do Paraná retransmitia pela emissora TV Brasil o campeonato capixaba com o clássico Rio Branco e Desportiva – e com direito a expandir o sinal do Espírito Santo pelo seu canal de satélite pago pelos paranaenses.
7:40A VIDA COMO ELA É
No Paraná – Foto de Nani Gois
7:28LEROS
de Carlos Castelo
§ Um reino distante chamado Estados Unidos da América, governado por um magnata de pele alaranjada decidiu que a maior ameaça ao seu império não são pandemias, atentados, ou o próprio penteado de seu monarca, mas sim os imigrantes. Entre eles, os mineiros de Governador Valadares.
Por isso, a alta administração americana inaugurou um novo serviço de repatriação para os brasileiros que atravessam suas fronteiras sem a devida permissão — um voo direto, e sem escalas para o Brasil, que oferece algemas como acessório de cortesia.
A lógica trumpista é simples: se o sujeito vem de Valadares, ele está tramando algo terrível, como abrir quiosques de queijo canastra em Nova Jersey.
A estratégia de Trump de devolver esses brasileiros algemados é vendida ao mundo como uma medida de segurança nacional. Pois, convenhamos: nada é mais ameaçador do que um mineiro, com visto vencido, e uma vontade inabalável de trabalhar em três empregos ao mesmo tempo.
A ironia, porém, é que a América de Trump, com toda sua pompa e retórica fascista, nunca foi tão dependente dos imigrantes que deporta.
Assim, o valadarense, com sua resistência de aço (ou de algema), volta ao Brasil com mais uma história inusitada para contar no churrasco de domingo. E, enquanto o voo da “Valadares Airlines” aterrissava em solo brasileiro, Trump se parabenizava no X, convencido de que salvou a pátria de mais uma invasão insidiosa.
No entanto, daqui a quatro anos, sentado em um tribunal abarrotado de processos, o marido de Melania poderá se encontrar diante de uma possível extradição. E aposto que se tiver de se mudar para Governador Valadares, ainda o receberão à base de costelinha de porco e ora pro nobis. Ah, a cordialidade brasileira…
7:16O prefeito, o sequestro e o racismo
O sequestro da menina Eloah, de um ano e meio, resolvido em 30 horas pela polícia do Paraná, e o caso de racismo contra o jogador Léo, do Atlético Paranaense, ontem, no estádio Couto Pereira durante o Atletiba, tiveram um imediato posicionamento do prefeito Eduardo Pimentel nas redes sociais (ler abaixo). Sinalizam uma linha de conduta que vai muito além da administração, com atenção, participação e opinião sobre os principais acontecimentos da capital. A conferir: Continue lendo
6:51A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Foto de Roberto José da Silva
6:27A primeira delação de Mauro Cid
por Elio Gaspari, na FSP
O tenente-coronel falou em três grupos, um dos quais armava o golpe
O ministro Alexandre de Moraes mantém sob sigilo os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid na sua colaboração premiada para a investigação dos planos golpistas de 2022/2023. São mais de dez depoimentos. Veio à tona o primeiro, de 28 de agosto de 2023. Tem seis páginas, algum método e menciona mais de 20 pessoas.
Segundo Cid, depois da vitória de Lula, três grupos gravitavam em torno de Jair Bolsonaro.
O primeiro queria que ele mandasse as pessoas para suas casas, tornando-se o grande líder da oposição. Nesse grupo estavam o senador Flávio Bolsonaro, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Força Aérea.
O segundo grupo, ainda mais moderado, dizia que “nada poderia ser feito diante do resultado das eleições”. Uma virada de mesa “representaria um regime militar por mais 20, 30 anos”. Temiam que radicais levassem Bolsonaro a “assinar uma ‘doideira'”. Nele, segundo Cid, estavam os generais Freire Gomes (comandante do Exército), Paulo Sérgio Nogueira (ministro da Defesa) e Júlio César de Arruda.
Outros moderados queriam que Bolsonaro deixasse o país. Entre eles estava o empresário do agronegócio Paulo Junqueira, “que financiou a viagem do presidente para os EUA“.
O terceiro grupo era formado pelos radicais e tinha dois braços. Um queria achar provas de fraude nas eleições. Nele estavam o major da reserva Angelo Denicoli e o senador Carlos Heinze. Ele chegou a propor que os militares sequestrassem uma urna eletrônica “para a realização de testes de integridade”.
O outro “era a favor de um braço armado”. Nesse depoimento, Mauro Cid não deu nomes nem detalhes a respeito dessa turma, mas narrou a gestação da “doideira” que deveria ser assinada por Bolsonaro.
Novembro de 2022, nasce a ‘doideira’
A partir de novembro de 2022, depois do segundo turno, Filipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, levou-lhe em várias ocasiões um jurista, “que não se recorda o nome”. Essas conversas resultaram num “documento que tinha várias páginas de considerandos” e “prendia todo mundo”, inclusive os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco. Ao final anulava a eleição.
Bolsonaro recebeu várias versões do documento e tirou Gilmar e Pacheco da lista de prisões. Depois do segundo turno, convocou ao Alvorada os comandantes militares e mostrou-lhes a minuta. Mauro Cid cuidou da apresentação por PowerPoint e saiu da sala. Terminada a reunião, ouviu os relatos dos comandantes:
“O almirante Garnier era favorável a uma intervenção militar, afirmava que a Marinha estava pronta para agir, aguardava apenas a ordem do presidente Bolsonaro. No entanto, o almirante Garnier condicionava a ação de intervenção militar à adesão do Exército, pois não tinha capacidade sozinho.”
Baptista Júnior, da Força Aérea, disse que “era terminantemente contra qualquer tentativa de golpe de Estado e afirmava de forma categórica que não ocorreu qualquer fraude nas eleições presidenciais”.
Segundo Mauro Cid, o general Freire Gomes “era um meio-termo dos outros dois generais”. “Não concordava como as coisas estavam sendo conduzidas, no entanto entendia que não caberia um golpe de Estado, pois entendia que as instituições estavam funcionando.” Mais: “Não foi comprovada fraude nenhuma, não cabia às Forças Armadas realizar o controle constitucional. Estavam romantizando o artigo 142 da Constituição.”
Segundo Freire Gomes, o golpe resultaria “num regime autoritário pelos próximos 30 anos”.
Essa reunião aconteceu no dia 2 de novembro de 2022. Mauro Cid contou que, sem o respaldo dos comandantes, Bolsonaro “não assinaria” o documento do golpe. Mesmo assim, “estava trabalhando com duas hipóteses: a primeira seria encontrar uma fraude nas eleições e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderir a um golpe de Estado”.
“As outras pessoas que integravam essa ala mais radical [eram] o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o atual senador Jorge Seif, o ex-ministro Gilson Machado, senador Magno Malta, deputado federal Eduardo Bolsonaro [e o] general Mário Fernandes”, que “atuava de forma ostensiva, tentando convencer os demais integrantes das forças a executarem um golpe de Estado”.
Mauro Cid prossegue: “Compunha também o referido grupo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”.
O ministro Alexandre de Moraes sabe de tudo isso desde agosto de 2023. Daí em diante, Mauro Cid voltou a depor em pelo menos mais dez ocasiões e o ministro puxou o fio do novelo.
15:30PARA NUNCA ESQUECER
Claudio Tozzi
15:2678 vezes Trump
de Gerson Almeida
Abaixo, a relação das 78 revogações e ordens executivas assinadas por Donald Trump no dia da posse. A simples leitura é suficiente para perceber o quanto a decadência de um império faz com que a sua luta para manter a liderança seja reduzida ao exercício da força e da agressividade.
Imigração e Segurança Fronteiriça
1. Revogação do programa de liberação condicional humanitária para imigrantes.
2. Reativação da construção do muro na fronteira com o México.
3. Implementação da política de “permanecer no México” para solicitantes de asilo.
4. Fim do programa de proteção a imigrantes menores de idade (DACA).
5. Restrição de vistos de trabalho temporário.
6. Ampliação de deportações aceleradas para imigrantes irregulares.
7. Reversão da proibição de deportação para países considerados perigosos.
8. Restrição de concessão de asilo para vítimas de violência doméstica e de gangues.
9. Retomada da separação de famílias na fronteira.
10. Redução da cota de refugiados admitidos anualmente.
Energia e Meio Ambiente
11. Retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre Mudança Climática.
12. Cancelamento de restrições à perfuração de petróleo e gás em áreas protegidas.
13. Revogação de normas de emissão de carbono para veículos automotores.
14. Reativação do oleoduto Keystone XL.
15. Revogação de proteções ambientais para áreas de conservação federais.
16. Extinção de regulamentos sobre poluição hídrica em áreas industriais.
17. Permissão para exploração mineral em áreas indígenas.
18. Cancelamento de subsídios para fontes de energia renovável.
19. Redução de padrões de eficiência energética para eletrodomésticos.
20. Dissolução do Conselho Consultivo de Mudança Climática.
Políticas Sociais e Diversidade Continue lendo
15:11LEROS
de Carlos Castelo
§ São Paulo é a aniversariante de hoje. Uma capital que insiste em crescer, sem controle, como um grupo de parentes chegando sem avisar no churrasco. Com seus 471 anos, ela acumula história, arranha-céus e buracos no asfalto em igual medida. Uma metrópole que começou com um punhado de jesuítas e índios desconfiados e se transformou em uma máquina de moer gente, em uma cidade que nunca dorme, porque o barulho do trânsito não deixa.
Se existe uma palavra que define São Paulo é pressa. Aqui tudo é urgente – exceto os serviços públicos.
O paulistano médio vive olhando para o horizonte, correndo atrás de um futuro glorioso que nunca chega, como se estivesse em uma eterna corrida de Uber com o motorista perdido na periferia.
Mas nada define melhor a cidade do que seu fascínio pela gastronomia. Se há algo comestível no planeta, pode ter certeza de que alguém já abriu um food truck dele na Vila Madalena. Desde pizzas de estrogonofe até sushi vegano de couve-flor.
Os restaurantes paulistanos também têm uma característica única: a comida tem aroma de saldo negativo.
O tráfego de São Paulo é uma experiência sensorial, que mistura desespero existencial e a sensação de que talvez você devesse ter ido de metrô – mas só se for a Linha Amarela, porque as outras são uma roleta russa de lotação e ar condicionado quebrado.
E como esquecer o clima paulistano, essa entidade caprichosa que alterna entre calor de fritar ovo na calçada e chuvas bíblicas que transformam avenidas em rios navegáveis?
Apesar de tudo, São Paulo é vibrante. Orra, meu, se é! É um caldeirão onde engravatados dividem a calçada com vendedores de yakisoba, onde cada esquina parece ter uma surpresa – geralmente desagradável.
Então, parabéns, à cidade que nunca para, nunca desiste e, acima de tudo, nunca devolve o troco certo.
10:42PARA NUNCA ESQUECER
Foto de Miro
10:30JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
Se continuar fazendo propaganda de obras do governo com material de reportagem da Globo, bem que o governador Ratinho Junior poderia convidar William Bonner e Renata Vasconcelos para inaugurar a Ponte de Guaratuba – e daí sair em campanha para a presidência do Brasil.
10:25Obra de Kobra nos silos da Anaconda
Notícia boa dada pelo ex-prefeito Rafael Greca (ver abaixo). Eduardo Kobra, o mais famoso grafiteiro do país, começou a trabalhar ontem à noite nos dois silos de farinha da Moinhos Anaconda, empresa que comemora meio século de presença em Curitiba. O artista vai trabalhar durante 30 noites sobre a projeção de imagens em tempo real cujo tema é “O pão nosso de cada dia”. Confira: Continue lendo
10:10Propaganda
Com boa propaganda as pessoas acreditam até em ovo sem casca. (Millôr)
9:13PARA JAMAIS ESQUECER PAULINHO DA VIOLA E MEU MUNDO É HOJE
8:53Essa ponte…
Do jornalista e blogueiro Valdir Cruz, inconformado com o fato de Ratinho Junior utilizar em seu endereço oficial uma longa reportagem de André Zanfonatto, com apresentação de Wilson Soler, na RPC, sobre a construção da ponte de Guaratuba, como se fosse propaganda. “Está saindo a tão sonhada ponte de Guaratuba!” é o título que o governador coloca na postagem. Confira:
“Será que o competente e experiente Wilson Soler entrou para o governo? Não, é o governador Ratinho Jr mais uma vez usando material jornalístico como propaganda. Faz isso e os donos e diretores das empresas fingem que tá tudo certo…”
8:37oberlan rossetim
A pedra não fica triste à sombra
Nem se alegra ao sol
Ela é preenchida de uma saudade
Que não pede
Não se lembra
Apenas medita
Na falta
De
Si
8:36A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Foto de Rafael Perich