Não era vento. Fúria dos deuses, talvez. Na montanha sem fim, como as curvas. O céu sumiu. Não eram nuvens. Um tormento em cores tenebrosas, sim. Morte anunciada. Alguém dirigia o carro. Parecia paralisado. Tudo ao comando do mistério. O som do vento nas árvores misturado aos trovões que explodiam feito flash de lâmpada, daqueles antigos, fazia tudo soar como uma orquestra sinfônica de caveiras. Não adiantava fechar os olhos. Era pior, porque parecia ter-se atravessado o espelho. Um momento antes e o sol encantava tudo. Agora era o nunca. Alguém apelou para Jesus. Um grito poderia ter estilhaçado o para-brisa. Então o motorista pisou fundo numa reta -para atravessar nuvem cinza e densa. Furou! Foi um pesadelo? Tudo ficou tão calmo e límpido que o coração desacelerou muito rápido. Ele então apareceu. No céu de Teresópolis – o Dedo de Deus.